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Carlos Nasser

Lula e pesquisas

Afinal, o Lula subiu ou não subiu? Subiu e muito. Quem afirma é um opositor convicto do PT. Por que subiu? São vários fatores conjuminados. Para mim, a despolitização aguda da classe D e E, justamente onde ele se introduz bem e se identifica. Os programas de ajuda à pobreza fazem efeito, como a Bolsa-Família, mas não revertem a situação de penúria ou miséria, amenizam.

A constante exposição na mídia, principalmente movimentação insólita pelo país acompanhado pelas câmaras de televisão. Aproveitamento de pseudo-inaugurações que transmitem aos mais simples uma sensação de trabalho. E por aí vai, com uma análise trocada pelos comentaristas políticos nacionais. Como subiu vai cair quando a campanha começar, não há nada de consistente que possa segurá-lo em cima. Pagaram a dívida com o FMI e daí? A dívida interna subiu para 1 trilhão de reais, impulsionada pelos juros altos. E subirá mais, dando gigantescos lucros aos banqueiros daqui e de fora. E as eleições, como ficam? Duas escolhas decisivas ainda estão a caminho, a do PMDB entre o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, e o Rio de Janeiro, Antony Garotinho. Vão para as prévias, será em março, com todos do PMDB votando. Penso que Rigotto deve ganhar, pois é apoiado por cinco governadores e mais os paulistas, comandados por Orestes Quércia, que é o líder da rejeição a Garotinho. Este faz campanha nas bases do partido que nada significam. O Brasil é muito grande e os partidos não têm consistência ideológica. Ocorre que Garotinho tem um patamar inicial de 15%, chegando a 20% quando Lula cai. É o mesmo perfil populista, somado ao apoio das igrejas evangélicas. Cometeu um gravíssimo erro de entrar no PMDB, partido com caciques e gente de peso que não o aceitaria como líder. Deveria ter escolhido um partido de porte médio tipo PSB ou PDT e formar uma coligação. Estratégia política é privilégio de poucos. Rigotto começara baixo, mas tende a subir, tem presença, fala bem, e o PMDB existe em todo o Brasil.

No PSDB, hoje líder da oposição, dois políticos de porte disputam a indicação para concorrer contra o governo, Geraldo Alckmin e José Serra, o governador e o prefeito de São Paulo. Serra mais forte nas atuais pesquisas, e Alckmin o governador mais bem avaliado do país. Até o momento, dois fatos perturbam os analistas políticos, como será o método de escolha e a repercussão que trará o abandono da prefeitura por Serra com apenas um ano de governo. Creio que ambos podem vencer as eleições e estão preparados para governar bem o Brasil. Só que Alckmin é melhor na televisão, tem excelente presença, fala muito bem e nos debates é excelente. Caso Serra não desista pelo crescimento de Lula, a escolha será em convenção, como é praxe nos países republicanos e democráticos.

Este é quadro sucessório que poucas alterações terá. As variações serão mínimas, com alianças tipo PSDB e PFL, PT com PTB e PL, e o PMDB em vôo-solo. Em dois meses, todos os candidatos estarão nas ruas prontos para disputar seu voto.

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