Levamos o primeiro gol contra a Suécia, era em 58, o Brasil nunca tinha sido campeão do mundo e tinha o complexo do Maracanã com a derrota para o Uruguai na final.

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Didi vai até o gol de Gilmar, pega a bola, coloca embaixo do braço, chama Garrincha e Pelé e volta caminhando para o meio do campo. Perguntei ao Zagalo o que Didi disse aos dois geniais atacantes. "Não sei", respondeu Zagalo, "só pedi que se apressasse". Perguntei ao Pelé: "Ele disse para o Mané abrir na ponta e eu ficar no 2.º pau, esperando com Vavá os cruzamentos". E disse também: "Estes gringos não são de nada, vamos encher eles de gols". E assim foi feito, fizemos cinco nos gringos e fomos campeões. Começou aí a Pátria de Chuteiras (Nelson Rodrigues) a se levantar, erguendo a camisa verde-amarela em todos os cantos do mundo. Exagero ou genialidade do Nelson? Genialidade dele, do Didi, do Garrincha e do Pelé. Então, há 48 anos somos os melhores? Acho que mais, muito mais. Acho que nascemos campeões do esporte que apaixona a terra inteira. Já escrevi que o futebol é o esporte fantástico porque o resultado é sempre incerto. O melhor pode perder para o pior time do mundo. E mais, o melhor jogando bem, pode perder para o pior jogando mal. O inusitado pode acontecer no último minuto, a bola desviada entra no gol sem chance de defesa e mata a torcida de frustração. Mas é daí que vem a força das partidas, onde nenhuma é igual a outra. Tudo pode acontecer em 90 minutos com a bola rolando, e como é redonda, rola para os dois lados. Agora, apesar da saturação comercial, vamos ao que interessa, temos o melhor time do mundo novamente. Então, agora serão todos contra nós, as torcidas, a imprensa, passando pelos juízes e terminando no campo com os adversários. Amadores e pseudoprofissionais enchem as televisões, os jornais e as rádios de bobagens, análises inúteis e superficiais, mas o que importa é sempre a superação dos valores individuais sobre qualquer possível erro coletivo. Futebol faz parte da minha vida, não discuto, não polemizo e me emociono muito. Aprendi observando grandes treinadores que passaram pelo Fluminense e depois quando convivi com Adolfo Millman, "o Russo", grande amigo e o mestre dos mestres.

Agora vamos ter de agüentar os analistas de fundo de quintal que invadem nossa sala. Faço uma sugestão, pense por você mesmo. Veja o jogo sem se influenciar pelo que disserem, você, caro leitor, conhece tanto futebol quanto eles. Fique de olho na bola que vai rolar e, como disse o mestre Didi, "vamos encher os gringos de gols, que eles não são de nada".

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