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Dizia o genial Nelson Rodrigues: "Com sorte você atravessa o mundo, sem sorte não atravessa a rua, é atropelado por um carrinho de sorvete". No primeiro mandato o presidente Lula deu muita sorte. Não enfrentou nenhuma crise internacional e conseguiu descolar sua imagem pessoal do mar da lama que atingiu o governo. Além disso, teve uma seqüência de safras agrícolas exuberantes que garantiram o Brasil. Agora a situação começa a mudar e, mais que simpatia, começa a exigir competência. O país esta dominado pelo caos aéreo que paralisou literalmente o sistema, envolvendo todos seus segmentos.

Como somos continentais em tamanho e não possuímos nenhum outro meio de locomoção rápida, ficamos na dependência do transporte aéreo. Não é o desconforto que angustia os passageiros amontoados nos salões dos aeroportos. É, antes de tudo, a impotência perante uma situação inexorável e de total irresponsabilidade dos comandantes do setor aéreo nacional. Mais uma vez a imprensa tem papel destacado, desvendando e cobrando ação para debelar a crise instalada já há dois meses sem perspectiva de solução.

Passadas as eleições, começam aparecer números e situações reais, antes distorcidos por discursos ufanistas e grandiosos. "O espetáculo do crescimento" nunca saiu do imaginário para a realidade. O crescimento do PIB (soma das riquezas que o país produz) não é mais de 5% no ano, nem de 3,5 e já se admite 2,8%. Assim perderemos em expansão para o Paraguai ganhando apenas do Haiti em toda América. Sem preparar o novo governo, o presidente já esteve em reunião na África (o fracasso da civilização moderna) e duas vezes com o turbulento líder Hugo Chávez, que deseja fazer da Venezuela uma Coréia do Norte com petróleo.

Creio que a formação do governo e montar a estrutura parlamentar é muito mais importante que confraternizar em reuniões inócuas e sem objetivos práticos. Quem comandará nossa economia? Nunca vi m artigo escrito pelo governo. Quem será o poderoso ministro da Agricultura, base da nossa economia, sustento primordial do Brasil. O único fato concreto é o acerto com o PMDB que terá seis Ministérios, sem programas e sem nomes, às escuras e sujeito a surpresas e conchavos. Bom, o Bolsa-Família, cabo eleitoral eficiente do segundo mandato presidencial, será aumentado e estendido ao maior número de pessoas, enquanto os impostos sobem e freiam o crescimento real da Nação. Preparem-se, é o título do artigo e uma advertência concreta aos que me lêem. Quem não consegue em dois meses resolver um crucial problema que envolve duzentas pessoas e seis aparelhos de rádio, não está pronto para enfrentar uma crise elétrica ou uma crise cambial, num mundo globalizado. Lugar de presidente é no palácio dando dez horas de expediente e comandando o país.

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