A conta do curto prazo
Fundo, CDB ou poupança. Essas são as opções mais indicadas para alguém que tem um compromisso daqui a poucos meses e quer, além de preservar os recursos, obter algum ganho no período. Operar com ações no curto prazo é coisa para profissionais experimentados ou investidores experientes; previdência é para prazos muito longos.
Alguém pode argumentar que os ganhos nessas modalidades serão pequenos. É verdade. Os juros brasileiros são hoje os mais baixos das últimas décadas, e isso significa que as aplicações de renda fixa, como essas citadas, vão dar ao investimento resultados menores do que dariam no passado. "Para ter uma rentabilidade maior é preciso correr um pouco de risco" é uma frase que virou chavão entre todos que falam ou escrevem sobre finanças. Ela quer dizer que é preciso mesclar ao seu portfólio outras aplicações, como ações, para obter rendimentos melhores. Só que tem um problema: se o seu prazo é curto, qualquer risco pode ser risco demais para você. "Para uma aplicação de menos de 12 meses eu não recomendo nada que tenha risco", observa Sinara Polycarpo Figueiredo, superintendente de investimentos do grupo Santander.
Vamos nos concentrar, então, nos fundos DI, os CDBs de bancos de primeira linha e a caderneta de poupança. Cada um tem seus prós e contras:
- os fundos DI são fáceis de aplicar, e todo banco oferece. Só que eles têm taxas de administração que variam muito, e é preciso ficar de olho. Tente buscar algo com taxa de 1,5% ou abaixo. Normalmente essas taxas estão disponíveis para clientes que fazem depósitos iniciais mais altos, acima de R$ 10 mil. Com valores mais altos é possível encontrar taxas ainda menores. Outra questão é a tributação. Ela é regressiva quanto mais tempo o dinheiro ficar aplicado, menor é a alíquota do Imposto de Renda. Quem ficar menos de 180 dias pagará 22,5%, por exemplo. Se mantiver o dinheiro aplicado por 181 dias, paga 20%. A menor alíquota incide sobre quem deixa a aplicação render por, pelo menos, 24 meses: 15% sobre o rendimento da aplicação;
- os CDBs, como os fundos DI, têm tributação regressiva. E também pagam rendimentos melhores a quem aplica mais. Bancos de porte médio e pequeno costumam pagar melhor, mas também têm mais risco. Para aplicações até R$ 60 mil de saldo, os CDBs contam com cobertura do Fundo Garantidor de Crédito, o que significa que o seu dinheiro está resguardado mesmo que o banco sofra intervenção do Banco Central;
- a poupança é a forma mais simples de resguardar o dinheiro. Sua remuneração é um pouco mais baixa, mas, como não tem tributação, acaba ficando quase equivalente. Um detalhe a levar em conta é a data do aniversário: se você sacar um dia antes dela, você perde todo o rendimento do mês.
Como decidir? A dica de Sinara, do Santander, é interrogar o gerente do banco. "O cliente deve perguntar quanto o fundo ou o CDB vai render por mês", orienta. É possível ter uma boa ideia disso porque a referência de ambos é a remuneração do CDI, que sempre anda colada na taxa básica de juros, a Selic e esta é definida pelo Banco Central em reuniões periódicas. Depois, pegue a calculadora e faça as contas (se necessário, junto com o gerente): deduza o Imposto de Renda e compare com os ganhos da poupança este mês, ela está rendendo, em média, 0,53%.
Olho no noticiário
A leitora Luana está nesta situação. Ela escreveu dizendo que terá uma despesa extra em abril de 2012 ou seja, dentro de 18 meses. Apesar de o prazo ser um pouco mais elástico do que os 12 meses já citados, é bom ser conservador (o que implica seguir mais ou menos a mesma fórmula de DI, CDB ou poupança). Nesse caso, é bom ficar de olho no noticiário, porque podem surgir novidades nesse cenário. Isso porque a presidente eleita tem emitido sinais de que gostaria de ter taxas de juros mais baixas. O resultado seriam rentabilidades menores na renda fixa e uma pressão renovada para mudar as regras da caderneta de poupança, que teria obrigatoriamente de pagar menos aos aplicadores.
Mas isso se houver mudança nas regras. Pelo cenário que se desenha agora, o mais provável é que a Selic suba um pouco já no início do ano. O Santander, por exemplo, espera que a taxa básica encerre 2011 a 12,25% ao ano mais do que os atuais 10,75%.
A reserva
Por último, vale a pena lembrar que ter uma reserva para emergências é algo indispensável para uma vida financeira equilibrada, equivalente a pelo menos seis vezes as despesas mensais do indivíduo ou da família.
E o 13º?
Como você vai aplicar o seu? Vai quitar dívidas, investir, torrar tudo? Escreva para contar. Mande também sua crítica, comentário ou dúvida para financaspessoais@gazetadopovo.com.br.