Na próxima semana saem os dados sobre a inflação de março, segundo o IBGE. O instituto trabalha com dois índices diferentes: o INPC, que mede a variação de preços para uma cesta de produtos consumidos pelas famílias com renda de até cinco salários mínimos, e o IPCA, muitíssimo mais amplo, que abrange famílias com renda de até 40 salários. Ambos vinham crescendo até o início deste ano e deram um alívio em fevereiro. Mas não muito: em 12 meses, o INPC acumula 11,07% e o IPCA, 10,35%.
Os números de março serão um tanto mais amenos, e os de abril, mais ainda – o mês que começa hoje terá o impacto da redução das tarifas de energia elétrica por causa do fim da bandeira vermelha. Notícia boa? Mais ou menos...
Quando se diz que o Banco Central usa a taxa de juros para controlar a inflação, isso é um eufemismo do financês. O que ocorre de fato é que a elevação dos juros reduz o fluxo de recursos para a economia como um todo. Com menos dinheiro disponível no sistema financeiro, os preços tendem a cair. É como uma dieta: o BC está reduzindo a quantidade de comida no prato dos bancos, empresas e famílias.
Simplificando bastante, a inflação costuma ser resultado de uma economia alimentada em excesso – há dinheiro demais circulando, por isso os preços sobem. Esse não é o caso do Brasil atual, onde vinham subindo os preços que são regidos por contratos ou sob a supervisão do governo, como a já citada energia e os combustíveis. Assim, a dieta atual está cortando o fornecimento de alimentos a uma economia já debilitada, e isso é mau. O resultado é a crise que conhecemos e seus subprodutos, como o desemprego.
Voltando aos números do primeiro parágrafo: perceba como a inflação dos mais pobres (o INPC) é superior à do país em geral (o IPCA). Inflação sempre machuca mais quem é mais vulnerável.
1.º de abril
Não é mentira: hoje a coluna completa oito anos. Nesse meio-tempo passamos por períodos de euforia e de crise, de investment grade e de rebaixamento. Na estreia, em 1.º de abril de 2008, o tema foi até onde iria a alta dos preços dos imóveis. O tempo respondeu – e, suspeito, responderá as tantas dúvidas que assombram nossa política e economia.
Aproveito a oportunidade para saudar os leitores e agradecê-los pela paciência e pela persistência. Obrigado!
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