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A epidemia dos preços estranhos

 | Franco Iacomini

Nos últimos dias andei vendo alguns preços estranhos nos supermercados. Um exemplo disso está na foto acima que acompanha esta coluna. Perceba que trata-se do mesmo produto, em apresentação ligeiramente diferente. O pote de plástico rígido, embalagem tida como durável e mais nobre, deveria custar mais caro. O refil vem em embalagem plástica, mais barata justamente porque a ideia é que o conteúdo seja despejado no pote. Tanto que está escrito ali: “refil econômico”.

Por que então o tal refil custa mais caro? O fato é que esse tipo de ocorrência está se tornando mais comum. Não é um fenômeno limitado a uma loja ou uma rede. Um amigo compartilhou no fim de semana imagem semelhante, fotografada em um supermercado de São Paulo. Só a diferença era menor, de apenas dez centavos. No caso que retratei, o preço era R$ 1,56 maior – 10,4%, portanto.

O consumidor precisa ficar atento quanto a essas discrepâncias. As razões não são diretamente financeiras, afinal, ninguém vai ficar mais pobre por causa de uma diferença de R$ 0,10 ou mesmo de R$ 1,56 – na verdade, é provável que você gaste mais do que isso em combustível para ir ao supermercado. Mas essas falhas são, provavelmente, um sintoma de outro mal: a doença do descontrole de preços.

Uma das consequências mais chatas dos surtos de inflação é a perda de referenciais. Quanto custa um quilo de tomate? Qual é o preço aceitável para um sabonete? Quando os preços sobem com muita frequência, as pessoas não sabem responder a essas perguntas, ou seus palpites não correspondem à realidade. E esse, digamos, estado mental favorece os aumentos de preço – fica mais fácil “aceitar” as elevações pela falta de referências.

Tamanhos diferentes

O senso comum diz que, quando você encontra o mesmo produto em embalagens de tamanhos diferentes, o tamanho maior deve custar menos. Isso faz bastante sentido, porque (teoricamente) o custo da mercadoria contida no pacote, caixa ou pote aumenta de forma proporcional – quanto mais produto, mais custo –, ao passo que o preço da embalagem varia muito pouco: para o fabricante, o custo de um pote de 600 gramas não equivale ao dobro daquele de um potinho de 300 gramas.

Com frequência, não é isso que se vê. Na maioria das vezes, os preços se equivalem (para manter o mesmo exemplo, o pote de 600 gramas custa o mesmo que dois de 300). Pior: com frequência o pote menor custa menos, proporcionalmente. O consumidor também precisa ficar atento a isso.

Amenizando...

Não que o supermercado seja o vilão em todas essas situações. Em momentos de crise, com queda na renda e desemprego, é do interesse dessas redes manter certa estabilidade de preços, porque a sua própria lucratividade cai quando o consumidor compra menos. Há uma intensa negociação por trás de muitos dos itens que encontramos nas gôndolas. E, em muitos casos, a compra que o comerciante faz nesta semana chega com preços superiores aos da aquisição feita na semana passada. Talvez uma parte da incongruência nos preços possa ser explicada dessa forma.

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