A consultoria Economatica, especializada em software de informação financeira, divulgou nesta semana um estudo com dados sobre o setor de construção. É sobre as empresas de capital aberto e ações negociadas em bolsa, bem entendido: um universo de apenas 16 companhias que, embora grandes (algumas têm atuação nacional, outras estão focadas em segmentos e regiões específicas), não espelham necessariamente a totalidade da construção civil. As empresas abertas são obrigadas a mostrar sua realidade financeira. Outras, menores, não. Muitas devem estar melhor. Outras, talvez não.
Feitas as necessárias ressalvas, o panorama que surge dos números e gráficos não é muito bom. Percebe-se que os anos de ouro foram 2010 e 2011. Em 2010 as companhias obtiveram o maior lucro líquido: R$ 4,2 bilhões, somando todas as empresas. O ano seguinte foi de recorde nas vendas, que atingiram R$ 33,3 bilhões.
O ano de 2015, cujos balanços foram divulgados nas últimas semanas, revela um momento mais delicado. As vendas ficaram em R$ 23,8 bilhões – 18% menos que no ano anterior e 28% abaixo do pico de 2011. E das 16 empresas, cinco registraram prejuízo no ano passado. Uma delas sozinha, a PDG Realty, relatou perdas de R$ 2,7 bilhões, distorcendo todos os números do segmento.
Notícia melhorzinha está no endividamento dessas companhias. Caiu de R$ 33,1 bilhões em 2012 (quando ocorreu o pico do endividamento) para R$ 25,1 bilhões.
O valor de mercado dessas empresas estava, no dia 8 de abril, em R$ 17,6 bilhões, menos da metade dos R$ 39,4 bilhões do fim de 2012. O desempenho dessas empresas – e de suas ações, já que elas estão no mercado – vai depender da economia brasileira e, em última instância, da política. Quando estamos em crise e sem enxergar a luz, pouca gente se arrisca a fazer um financiamento imobiliário de 30 anos. Se as coisas se normalizarem e, mais ainda, se houverem novas políticas de estímulo como aquelas que alimentaram os anos gordos de 2008-2012, as vendas voltarão a crescer.
Quanto ao mercado de imóveis, ele também anda às escuras. Faltam compradores. Quem tiver disposição para procurar e negociar pode até achar bons negócios.
O pai do amiguinho
Dia desses, meu sobrinho de 5 anos voltou da escola contando uma história triste. O pai do amiguinho dele construía carros, mas agora não precisam mais dele. Por isso, está precisando de um emprego novo.
Sim, a crise atinge a todos – até as crianças.
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