O Banco Central divulgou na quarta-feira sua nota técnica sobre as operações de crédito, com dados referentes a janeiro. As notícias não são boas. A carteira total, somando pessoas físicas e jurídicas, cresceu 6,2% – em termos reais, descontando aquela inflação-monstro de 10,7% que tivemos nos 12 meses anteriores, dá um recuo de cerca de 4%. Esses dados são consequência, principalmente, da prudência dos bancos, que preferem não emprestar a correr o risco de perder dinheiro. O que faz algum sentido: a inadimplência (ou seja, parcelas atrasadas por mais de 90 dias) cresceu de 2,8% do valor total dos créditos para 3,5% entre janeiro de 2015 e janeiro de 2016.
Mesmo os grandes bancos têm informado seus acionistas que esperam crescimentos pequenos em suas linhas de crédito – por pequenos entenda-se abaixo da inflação – e o mercado está ciente disso. “Nossa opinião é de que esta trajetória se manterá durante 2016”, diz relatório de análise da corretora Ativa. Mesmo com os juros em alta, os ganhos dos bancos devem cair nesse segmento.
Para quem não é banco, a situação fica mais difícil. A área de crédito de uma grande rede nacional de lojas viu o valor de seus empréstimos com atraso superior a cinco meses crescer de 14% para 20% do total, entre setembro de 2014 e setembro de 2015. As instituições prestam esse tipo de informação ao Banco Central a cada três meses, e os dados de dezembro ainda não estão disponíveis – como muitos indicadores se agravaram no último trimestre, entre eles o de desemprego, não será surpreendente se os dados chegarem piores.
Uma coisa é ler sobre a inadimplência. Outra, bem diferente, é estar inadimplente. Se o leitor chegou a essa situação, precisará fazer um inventário sério de suas receitas e gastos. Só então, depois de conhecer bem sua real situação financeira, poderá buscar os credores para renegociar valores.
Para entrar na história
A consultoria Economatica fez um levantamento com dados históricos para elaborar um ranking dos maiores prejuízos das empresas abertas brasileiras. O recorde ficou com os números que a Vale apresentou ontem: R$ 44,2 bilhões de perdas em 2015. Poderia ter sido mais, se a empresa tivesse feito provisões para aportes de capital em sua controlada Samarco, que terá de indenizar muita gente pelo rompimento de uma barragem de rejeitos em Minas Gerais.
Os bancos Nacional e BB aparecem em segundo e terceiro lugares, com R$ 26,4 bilhões (números de 1995) e R$ 24,8 bilhões (em 1996), em valores atualizados.
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