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E agora?

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Na semana passada, o índice Ibovespa – o principal da bolsa brasileira, que reúne 68 ações de 63 empresas – teve um surto de alta. Nos últimos sete dias, os ganhos acumulam 2,93%. No ano, o saldo ainda é negativo (-4,59%), mas esse pequeno salto foi suficiente para devolver o ânimo a alguns investidores.

Foi uma alta movida a petróleo. Boa parte dessa alta deve-se à Petrobras, a segunda empresa mais importante do índice (somando as ações ON e PN, ela responde por 10,27% do índice; perde apenas para a Vale, que soma 10,67%). Sua ação mais líquida, a PN – que é também o papel mais negociado na bolsa de São Paulo – subiu 11,82% nos mesmos sete dias. O suficiente para arrastar o Ibovespa atrás de si.

E tudo começou quando a empresa anunciou o aumento do preço do diesel, há dez dias. Investidores e analistas julgaram que esse foi um bom sinal, já que a defasagem nos preços era um dos principais problemas da empresa. Como foi o segundo aumento neste ano, parece que o governo está um pouco mais disposto a aceitar reajustes.

Mas de que forma o pequeno investidor pode ver essa mudança de atitude? Será que uma reação que vem de uma empresa só não é ilusória?

O economista Breno Lemos, professor da PUCPR, diz que não há como deixar de dar à Petrobras uma importância enorme dentro do mercado brasileiro. "É uma empresa grandiosa", define. "Pela receita, pelos empregos gerados, pelo investimento em pesquisa e tecnologia, não teria como ser diferente."

A metodologia do Ibovespa, desde sua criação, ainda nos anos 60, privilegia as empresas mais negociadas na bolsa. Quanto mais volume de negócios, mais importante no índice. "O Brasil é um grande exportador de produtos primários, e o índice é um reflexo da sociedade e da economia brasileira. Por isso Petrobras é importante, Vale é importante", explica.

Mas o mercado não se resume a essas duas empresas. "É preciso olhar mais que o índice. é um termômetro do mercado, mostra tendências, mas a bolsa não se resume a ele", ensina Lemos, que faz uma comparação bem urbana. "É como a temperatura da cidade. Quando você ouve no rádio ou vê em um site, ela se refere àquele local onde a informação foi coletada. A temperatura na sua vizinhança será outra – o rádio ou o site será só uma referência", observa.

Mudando de assunto...

Há exatamente um mês, em 12 de fevereiro, a coluna falava que uma redução drástica nos impostos sobre alimentos era apenas questão de tempo. A inflação segue perigosamente próxima do limite, e a caixa de ferramentas que o governo pode usar para controlá-la está quase vazia – muitos instrumentos já foram usados, e as opções disponíveis são poucas.

O anúncio ocorreu na sexta-feira passada. Ao que parece – e o jornal O Estado de S. Paulo chegou a publicar matéria nesse sentido, a intenção inicial era apresentar a medida no feriado do Dia do Trabalho, 1.º de maio, mas os números ruins do IPCA de fevereiro precipitaram a mudança.

Dilma e sua turma estão cheios de boas intenções. Querem manter a economia crescendo, com juros baixos e pleno emprego. O problema é que o seu jeito de fazer as coisas está resultando em inflação, e ela ameaça os ganhos de renda que o país teve nos últimos anos. A renda cresce, o salário aumenta, mas o poder de compra não cresce, porque a inflação toma uma parte.

A redução dos impostos da cesta básica é uma ótima notícia. Podia ter vindo mais cedo, antes que os aumentos de preços comessem uma parte dos alimentos.

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