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Do ponto de vista econômico, tivemos seis meses de recessão, e mesmo depois que ela terminou as coisas ainda não estão bem resolvidas. A pesquisa Focus, que o Banco Central faz todas as semanas para ouvir o que economistas de fora do governo esperam de algumas variáveis importantes, mostrou que o mercado espera que o ano termine com um crescimento de 0,13% – quase nada. Além disso, na maior empresa do país, um colosso de economia mista (controle estatal, sócios privados que podem negociar livremente suas ações na bolsa), um fio puxado de corrupção está revelando uma trama suja que envolve gente grande na administração e no mundo empresarial.

Na política, a eleição revelou um país bastante dividido e uma surpreendente intolerância com o pensamento dos outros. Na campanha eleitoral deste ano, não bastava contradizer as teses do adversário: importante mesmo era descrevê-lo como idiota ou criminoso. Se possível, ambos.

Mundo afora, sobram eventos que fazem pensar que a humanidade anda mesmo com o miolo mole. Sequestro de crianças em escolas na Nigéria. Assassinato de alunos no Paquistão. Reféns em um café na Austrália.

Acontecimentos como esses agregam incertezas ao nosso cardápio. E se tem uma coisa que a imensíssima maioria dos seres humanos não gosta é incerteza. Pense pelo lado dos investimentos, por exemplo: é bem mais tranquilo aplicar seu dinheiro em um mercado onde as regras são conhecidas e os riscos são controláveis. Quando os fatores deixam de ser previsíveis, é hora de resgatar o dinheiro e procurar uma alternativa com menos incertezas.

Na vida, assim como nos investimentos, precisamos de um mínimo de certezas firmes, a partir das quais podemos construir um futuro. O Natal é uma lembrança anual de que, por mais estranhos que sejam os tempos, há algumas certezas nas quais podemos confiar.

Os reencontros familiares lembram que existem pessoas se preocupam conosco. A solidariedade, mais presente nesta época que no restante do ano, é uma recordação de que ainda existe na humanidade um amor desprendido pelos outros. É, ainda há esperança.

O Natal evoca essas lembranças porque ele próprio é uma tremenda demonstração de amor – o amor de Deus pelo mundo. "Pois Deus amou de tal forma o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele acredita não morra, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, e sim para que o mundo seja salvo por meio dele", explica a Bíblia.

Neste fim de ano, preocupe-se menos com presentes e mercadorias. Busque as certezas mais duradouras.

Feliz Natal.

Mudando de assunto…

… o leitor Paulo escreve para destacar o que ele vê como irracionalidade do mercado, que reage ao escândalo e ao adiamento da apresentação das demonstrações financeiras vendendo ações da Petrobras. Para ele, o fato de a companhia apresentar lucro mesmo com todos os superfaturamentos e a má gestão é sinal de que o negócio é promissor.

Certamente a Petrobras é uma companhia com tremendo potencial para gerar ganhos aos acionistas. Há, entretanto, dois fatores a corroer sua imagem. O primeiro é interno: quem poderá administrar a empresa nos próximos tempos, de modo a encerrar as más práticas do passado e a buscar compensação pelos atos ilegais? Se o acionista controlador (o governo) não apontar um gestor cuja capacidade de sanear a empresa seja aceita pelo mercado, os investidores continuarão a crer que nada mudou.

O segundo fator é internacional. O preço do petróleo desabou nos últimos meses. Do fim de 2010 até o início de setembro deste ano, o preço do barril do óleo Brent (padrão no mercado global) se manteve acima dos US$ 100. Ontem, fechou pouco acima dos US$ 60. Em um ano, o preço caiu 45%. Ruim para a Petrobras, inclusive porque o óleo da camada pré-sal tem um custo alto de extração.

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