Poucas empresas brasileiras sofreram tanto quanto a Petrobras nos últimos tempos. A companhia teve seus lucros abalados pela decisão do governo de manter controlados os preços do combustível. Investiu mais do que seria necessário no primeiro leilão do pré-sal, como resultado de uma fórmula de concessão que assustou os operadores privados. Obrigou-se a assumir um plano de desinvestimento que enterrou boa parte dos esforços anteriores na sua expansão internacional. Teve seu nome envolvido na denúncia de uma negociata que, se comprovada, servirá para internacionalizar a corrupção brasileira.

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Não é de surpreender, nesse contexto, que as ações da empresa na bolsa estejam derretendo feito picolé. De 24 de março de 2009 a 24 de março de 2014, as ações PN tiveram uma desvalorização impressionante, de 43,8% – para que o leitor entenda, a Petrobras tem na bolsa de São Paulo dois tipos de ações, as preferenciais, PN, e as ordinárias, ON; as PN são as mais líquidas (ou seja, as que registram maior quantidade de negócios), e por isso servem de referência. No mesmo período, o índice Ibovespa subiu 15,7%. Ou seja: a maior empresa do país passou os últimos cinco anos na contramão do mercado, puxando para baixo o desempenho do principal referencial da bolsa brasileira.

A imagem clássica das refinarias mostra um penacho de fogo saindo da chaminé onde é feita a separação dos derivados de petróleo. De forma semelhante, a imagem da estatal está em chamas, como um ícone da inextinguível dificuldade do governo em entender a finalidade da companhia e suas transformações ao longo das décadas.

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A Petróleo Brasileiro S.A. surgiu de uma desafiadora decisão estratégica do Estado brasileiro. Em uma só tacada, demonstrou que o país tinha ambição e capacidade técnica para explorar quaisquer jazidas que pudesse descobrir em seu território. Na sequência, definiu que o Brasil precisava ter condições de produzir gasolina e outros derivados para consumo próprio, mesmo que tivesse de importar óleo bruto. Com isso, reduziu custos e desenvolveu tecnologia. Em certo nível era uma declaração de independência.

Tudo isso, entretanto, custa dinheiro. E a Petrobras só terá dinheiro para investir – no pré-sal, por exemplo – se ganhar dinheiro. Essa é uma necessidade da empresa e uma exigência dos acionistas.

Hoje – na verdade, há mais de 40 anos –, a Petrobras é uma empresa de capital aberto. Tem outros sócios, além do governo brasileiro. Muitos são estrangeiros, inclusive porque a companhia decidiu por vontade própria oferecer seus papéis na Bolsa de Nova York, há 14 anos. Uma multidão é formada por pessoas físicas: em 29 de abril de 2013, segundo dados publicados pela própria companhia no site da BM&FBovespa, eram 293.427 indivíduos. Manipular preços usando a Petrobras (para controlar a inflação, como vem ocorrendo nos últimos tempos) é fazer cortesia com o chapéu desses e outros acionistas. Ok, o Estado é o sócio controlador, e é legítimo que a empresa siga seus interesses. Mas não só a eles, certo?

O leitor deve ter ouvido falar sobre a questão do preço das ações da Petrobras nos últimos dias, e é provável que ouça mais ainda nos próximos meses. Elas já se tornaram parte de peças da campanha eleitoral que se desenha, porque são uma imagem clara daquilo que se costuma chamar de "risco político" – o reflexo econômico da atuação dos administradores públicos. A discussão da Petrobras e da atuação (legal ou ilegal) de seus administradores é um exemplo perfeito disso. E vai influir nos seus investimentos, pode ter certeza.

FMP

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Muita gente por aí ainda mantém dinheiro nos Fundos Mútuos de Privatização (FMPs), aquelas aplicações em que o trabalhador poderia aplicar parte do saldo do Fundo de Garantia. Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), da sexta-feira passada, esses fundos mantinham saldo total de R$ 4,43 bilhões. Nos últimos meses, acumulam perdas de 20%.

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