O primeiro relatório Focus – um levantamento feito pelo Banco Central com uma centena de bancos, consultorias, universidades e outras instituições que têm departamento de análises econômicas – de novembro mostrou que o mercado está cada vez mais descrente em relação a 2016. A estimativa é que o Produto Interno Bruto (PIB, uma medida da quantidade de riquezas gerada por um país em determinado período de tempo) brasileiro encolha 1,9% no ano que vem.
INFOGRÁFICO: Veja a queda nas expectativas do PIB brasileiro
Essa expectativa tem se deteriorado rapidamente. O leitor pode conferir no gráfico ao lado: o ano começou com os modelos matemáticos usados pelos economistas apontando um crescimento até decente para 2016, levando em conta que 2014 foi horrível (tivemos dois trimestres de recessão) e que 2015, já se sabia, seria péssimo. Mas o cenário foi se deteriorando e, agora, parece que o ano que vem será quase tão ruim quanto este. A expectativa para 2015 é de um recuo de 3,1%.
Esses dados me fizeram olhar para trás. De vez em quando tenho o hábito de rever as colunas que escrevi no passado – já faz mais de sete anos que ocupo esse espaço, e fico feliz porque os leitores seguem me suportando. Reli, então, a coluna de 24 de setembro do ano passado. O título era “À espera de 2016”. Naquela época, já havia a noção de que 2015 poderia ser considerado um ano perdido em termos de perspectivas econômicas. Melhor seria, então, esperar o próximo ano. Que, pelo que vemos, também já deve chegar estragado.
Ou seja: crescimento econômico, daquele que traz boas notícias para todos, podemos esperar somente para 2017. E isso nos traz a um cenário terrível, conforme já demonstrou o jornalista Fernando Jasper em reportagem publicada em agosto nesta Gazeta : até hoje, só uma vez o Brasil registrou dois anos seguidos de recessão. Foi em 1930 e 1931, na sequência da crise de 29. Nem mesmo na “década perdida” dos anos 1980 isso ocorreu. E olha que naquela época tivemos o choque do petróleo, que arrasou economias mundo afora.
Os mais otimistas aguardam uma reação no início do segundo semestre de 2016. A verdade é que há um componente imprevisível no horizonte, que é a instabilidade política. A atual greve dos caminhoneiros, por exemplo, é uma incógnita. Não é do feitio brasileiro ter paralisações prolongadas nessa área, mas o histórico de nossos hermanos da Argentina e do Chile mostram que isso é possível. Qual seria o custo, em termos de PIB, do caos provocado por enforcamento logístico?
Cada vez mais, é hora de ser conservador nos gastos. Sairá melhor da crise quem souber se adaptar.
Golpe
Se há um setor que tem comprovado sua eficiência neste país, é o do estelionato. Há algumas semanas, abri uma empresa. Assinei toda a papelada e o contador deu andamento. A empresa tornou-se ativa em 1.º de outubro. No dia 4 de outubro recebi em casa uma fatura cobrando contribuição para uma tal Associação Comercial do Brasil, com vencimento no dia 10. Esse tipo de cobrança é comum, mas totalmente ilegal. Muitos empresários inexperientes recebem e acabam pagando por algo que mal existe.
Dias depois veio outra, de outra instituição com um nome familiar, mas tão picareta quanto. De onde eles conseguiram meus dados? Como é que conseguem acesso a essas informações com tanta rapidez e facilidade?
Escreva!
Mande suas impressões ou depressões para financaspessoais@gazetadopovo.com.br.