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O leitor Márcio está cheio de dúvidas a respeito de financiamento imobiliário. Ele pretende comprar um apartamento usado, de R$ 500 mil, sem usar FGTS – aparentemente, está ainda na fase de entrar no site do banco e fazer simulações. E a principal questão diz respeito a elas. No caso dele, a planilha mostrada no site diz que o contrato vai começa com uma parcela de R$ 2.900 e termina em R$ 860. "Seriam fixas neste valor ou teria a correção da TR?", pergunta ele.

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É uma boa pergunta, porque, em geral, é preciso que as simulações não costumam ser autoexplicativas. Na verdade, o valor não é final, mas pode ser bem aproximado. Aos juros apresentados pelos bancos soma-se a Taxa Referencial (TR), que tende a dar uma diferença no cálculo – a comunicação dos bancos nem sempre se lembra de colocar aquele "+TR" em cada linha para lembrar o cliente disso.

A tendência, entretanto, é que a TR fique cada vez mais achatada. Isso se deve à sua fórmula de cálculo, que leva em conta os juros pagos pelos CDBs dos principais bancos do país e aplica um redutor definido por lei. Como os juros estão caindo, ela tem estado muito baixa – na verdade, a TR diária está zerada desde 7 de agosto. A tendência é que, com os juros se acomodando em patamares iguais ou inferiores aos atuais, a TR acabe se tornando um indicador esquecido.

Outra questão do Márcio diz respeito à inflação no período. Seu raciocínio é que, ao fim do período, os R$ 860 da prestação vão valer menos do que hoje. Ele até pensa em fazer uma conta, aplicando uma estimativa de inflação, para ter uma ideia do impacto.

O raciocínio é correto, mas é melhor não se apressar fazendo cálculos complexos. O importante, nesse caso, é a ideia geral de que a prestação vai pesar menos no bolso. Financiamentos de imóveis são negócios de longo prazo, pelas regras atuais podem durar até 35 anos. Muita coisa pode acontecer nesse tempo.

Há 35 anos, a moeda do Brasil era o cruzeiro, a inflação era de 4% ao mês, o presidente era um general e os curitibanos eram proibidos de votar para prefeito.

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Melhor tocar em frente e trabalhar para não repetir o passado.

Mudando de assunto...

Começa hoje mais uma greve de trabalhadores nos bancos. Eis um setor onde o diálogo parece ter sido, há muito, abolido. Não faço aqui um julgamento – não convém palpitar se a culpa é dos sindicatos ou das instituições financeiras, por exemplo –, mas uma constatação: para esse segmento, parece não ser mais possível fechar acordo salarial sem paralisação. O que é péssimo para todo mundo, mas parece ser menos pior para os bancos.

O consumidor sofre por não ter acesso a muitos serviços pelos quais paga cada vez mais (exemplo: em setembro de 2011, a tarifa média para emissão de uma segunda via de um cartão de débito era de R$ 6,51 nos bancos privados; hoje é de R$ 7,05, alta de 8,3%). Os bancários passam pela tensão do movimento – muitas vezes os funcionários que tomam parte ativa acabam sofrendo algum tipo de represália mais tarde.

Até os funcionários de farmácias e lotéricas que atuam como correspondentes bancários são afetados pela mobilização. Já os bancos não sentem tanto. No ano passado, os bancários pararam por 21 dias, nos meses de setembro e outubro. Na divulgação dos resultados dos bancos nos dois últimos trimestres de 2011, não há uma única palavra referente a perdas causadas pela paralisação.

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Bancários e banqueiros, escolham o adversário certo. Parem de incomodar quem não tem nada a ver com a sua briga.