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Para muita gente, em especial investidores da bolsa, o clima ontem era de "Ai, meu Deus! E agora?"

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As perdas da Bovespa na semana passada foram fortes, e algumas pessoas esperavam recuperar pelo menos parte do prejuízo nos próximos dias. O pregão de ontem frustrou essa expectativa.

O rebaixamento da dívida americana deixou claro que o poço é fundo, muito fundo. A crise atual foi deflagrada pela nota da S&P, mas vai bem além disso. Há a Europa com problemas – Grécia, Espanha, Portugal, Itália, França – e mesmo o Brasil tem suas próprias encrencas. "A crise de 2008 foi americana, e foi grave. Agora ela parece ser bem maior", diz o economista Mario Almeida, editor do blog Eu Cuido do Meu Dinheiro. "A aversão ao risco vai longe."

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Nos últimos anos, a bolsa conquistou um número importante de adeptos, que veem nela uma forma de fazer uma poupança de longo prazo. A quantidade de brasileiros que compra ações pensando na sua aposentadoria ou em objetivos futuros (a faculdade dos filhos, a aquisição de um imóvel etc) cresceu bastante. Há aquele investidor que faz manobras ousadas, mas a maioria não segue essa linha. E esse sujeito, que tem a bolsa como alternativa de longo prazo ou que usa as ações para diversificar seu portfólio, está vendo seu dinheiro evaporar-se. Perder 17,2% em seis pregões é demais para qualquer um. Ainda mais em um ano em que os resultados foram parcos (isso quando existiram).

Por essas e outras a pessoa física está tirando o time da bolsa. O jornal Valor Econômico publicou ontem reportagem dizendo que os investidores dessa categoria já tiraram R$ 4,5 bilhões do mercado este ano. E não é que estejam apenas diminuindo as aplicações: estão saindo mesmo. No encerramento de 2010, havia 610.915 investidores ativos na bolsa. No fim de julho deste ano eram 598.233. A queda é de 2%, mas é significativa, porque o número vinha crescendo ano a ano, ininterruptamente, desde 2002.

Ouvir essas análises é algo supérfluo para quem está com suas economias em risco. A pergunta é: o que eu faço?

Quem precisa do dinheiro agora não tem muita opção. Vai ter de resgatar o investimento e amargar com o prejuízo. É por isso que se costuma dizer que a aplicação em bolsa não serve para o curto prazo – você pode ser obrigado a resgatar num momento de queda ou, pior, de crise.

Quem não precisa da grana agora deve seguir o conselho clássico que vale para toda crise: sangue frio. Se você aguentou até agora, é melhor se segurar por mais um tempo. Felizmente, não existe crise que dure para sempre. Pode ser necessário fazer algumas mudanças de portfólio. "Quem tem ações de empresas que podem perder mais pode vender agora e comprar papéis mais defensivos, como os das companhias elétricas", observa Almeida. Entre as ações mais sujeitas a quedas estão, por exemplo, as do setor financeiro.

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É hora de aproveitar para comprar? Essa pergunta vale tanto para quem já investe e pensa em ganhar no longo prazo como para quem não está na bolsa. E a resposta é: depende. Depende do seu apetite pelo risco. Nada garante que as perdas não vão se prolongar. A estratégia de fazer pequenas compras, de modo a formar um preço médio, pode ser mais segura do que entrar na bolsa em grande estilo.

Vale lembrar que é preciso ser criterioso com as compras. "Na hora da retomada, não vai subir tudo junto. Será preciso escolher bem", diz Almeida. Aí não tem muita saída: o investidor tem de estar bem sintonizado com o mercado para perceber cedo quem começa a escapar das tendências de baixa.

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Quem está bem informado sofre menos nas crises. Fique de olho no mercado. E se tiver alguma dúvida ou quiser comentar o que rola no mercado, escreva para financaspessoais@gazetadopovo.com.br.

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