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Financês

E se fosse você?

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Há alguns dias, boa parte do país parou para assistir ao sorteio da Mega da Virada, cujo prêmio chegou a quase R$ 200 milhões. Quatro apostas foram vencedoras, incluindo duas feitas na região metropolitana de Curitiba. Dada a penetração desta Gazeta do Povo no mercado local, há uma probabilidade bastante grande de algum dos sortudos (um dos participantes de um bolão, talvez?) ser leitor do jornal. Quem sabe, imagine, ele esteja lendo este texto neste exato momento. Longe de querer dar conselhos a quem está montado nos milhões, entretanto, a intenção da coluna é fazer um desafio ao leitor: e se fosse você? O que você faria?

Todos nós já nos perguntamos algo semelhante, às vésperas de um grande sorteio. Mas suspeito que, a sério mesmo, ninguém nunca pensa nisso. Por isso mesmo são tão raros os casos de milionários instantâneos que geram fortunas duradouras. Eu, pelo menos, não me lembro de nenhum caso de um ganhador de loteria que tenha investido de forma a fazer dinheiro gerar dinheiro de forma sustentável. É preciso dar um desconto porque quem ganha uma bolada na loteria normalmente quer tudo, menos aparecer – portanto, é de se esperar que existam alguns por aí que a gente nunca imaginou que fossem tão sortudos. Há alguns anos, por exemplo, ouvi o caso de um jovem que estava abrindo um restaurante com capital emprestado por um parente que havia ganhado na loteria. Nem sei se era mesmo verdade, mas o fato é que, poucos meses depois, a tal casa já estava fechada. Em geral, é tudo mais ou menos assim. Vem fácil, vai fácil. Mas por quê?

A reação de quem ganha muito dinheiro de repente costuma ser parecida com a de alguém que acha uma nota de 50 perdida no chão. Gasta-se rapidamente, em supérfluos. "Se eu perder, não tem problema, porque não me custou nada mesmo", al­­guém poderia dizer. No exterior, os cassinos estão cheios de histórias como essa.

E se fosse com você, seria diferente?

Bem aplicado, um prêmio de R$ 48 milhões é suficiente para dar partida a negócios capazes de atravessar gerações e enriquecer várias outras pessoas. Aplicado de forma conservadora, bastaria para sustentar o felizardo por toda a vida, mesmo que ele decida trocar o fio dental por fios de ouro. E, se algum dos ganhadores estiver realmente lendo essa coluna, convém lembrar que todos os grandes ricaços mundo afora costumam reservar parte de seu dinheiro para custear fundos filantrópicos. Bill Gates, por exemplo, é um dos maiores financiadores de pesquisas médicas em busca da cura de doenças tropicais como a malária. Fundos criados com doações ocorridas décadas atrás sustentam pesquisadores e ajudam alunos brilhantes a concluir estudos caros. Pense nisso.

Quer coco?

Se algum estudante de Economia estiver quebrando a cabeça em busca de um tema para um estudo acadêmico, quero dar uma sugestão: o preço do coco na praia. Ele custa R$ 1,50 na maioria das praias do Nordeste – mais próximas às regiões produtoras –, de R$ 3 a R$ 4 no litoral paranaense e, em alguns lugares de Santa Catarina, há quem peça R$ 5. O transporte do Nordeste ao Paraná é uma excelente explicação para a disparidade de preços, mas a diferença do frete para Caiobá ou Bombinhas parece insuficiente para uma diferença tão grande entre as duas localidades. A boa matéria "A rota do coco", da repórter Vanes­sa Prateano, que a Gazeta publicou no domingo, ajuda a esclarecer um pouco do tema. Mas não toca na questão da relação oferta-demanda, que faz com que o preço de uma unidade varie até na mesma cidade. E tem ainda a disposição do consumidor em aceitar um preço mais alto. Por tudo isso, praias mais badaladas têm coco mais caro.

Turismo

Turismo no Brasil anda caro mesmo, e isso tende a ser um problema com o aumento da renda. Um número cada vez maior de pessoas tem exercido pressão sobre uma infraestrutura que já não atendia bem o contingente de dois anos atrás. E a questão aqui não é, como se fala, a Copa do Mundo ou os Jogos Olímpicos, mas o conforto dos brasileiros que estão em férias agora, em janeiro, e só encontram opções de hospedagem caríssimas em algumas regiões de praia, na faixa de R$ 1 mil a diária, ou quartos de R$ 200 a R$ 300 que não valem isso. Pelo menos aqui no Sul do país essa parece ser a regra.

É bom lembrar que Copa é de quatro em quatro anos, e não dá nem para imaginar quando a roleta da Fifa vai parar aqui de novo. Mas verão tem todo ano. Vamos investir?

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