Falando de dinheiro com a criançada

Nas minhas últimas férias, em julho, fiz um combinado com os meus filhos: as despesas deles nos passeios sairiam do seu próprio bolso. Claro que passagens, diárias de hotel e refeições, entre outros gastos de porte, seriam por minha conta. Mas se quisessem tomar um sorvetinho no meio da tarde ou comprar um boné novo, melhor levar a carteira.

A experiência foi boa, tanto para mim quanto para eles. Descobri que as crianças podem ser muito mais criteriosas nos seus gastos se tiverem responsabilidade sobre os recursos. Antes de decidir se iriam ou não comprar, meus filhos faziam contas e até pediam desconto. Ou seja: estavam dando valor ao dinheiro. Afinal, haviam economizado bastante para esse passeio. Os dois recebem uma mesada – ou semanada, para ser mais exato. E uma parte dela foi poupada para tornar a viagem mais divertida.

Vários especialistas têm falado na necessidade de preparar mais as crianças brasileiras para lidar com o dinheiro. Se nossa população fosse mais preparada para lidar com as tentações do crédito e fizesse mais contas antes de fechar um empréstimo, talvez o endividamento crônico não fosse um sinal tão marcante do Brasil desta década.

Há várias razões para isso, e talvez uma das principais é o fato de que há toda uma geração que cresceu sem ter referência monetária. Não custa lembrar: de 1986 a 1994 o Brasil teve cinco moedas diferentes. Quem é que pode aprender a lidar com dinheiro dessa maneira?

Se houve erros no passado, é dever desta geração impedir que eles se perpetuem. Isso significa conversar sobre o assunto em casa, discutir o orçamento doméstico com as crianças e os adolescentes da família. Mas, dentro das possibilidades de cada família, seria bom colocar um trocado de responsabilidade nas mãos da turminha menor.

O resultado pode ser surpreendente, como foi para mim.

Tudo como está

No Brasil, comenta-se muito que o pêndulo dos juros em baixa pode virar em pouco tempo. Os juros brasileiros ainda estão entre os mais altos do mundo, apesar do mergulho que as taxas deram nos últimos meses. Mesmo assim, a turma que se dedica a decifrar as mensagens que estão nas entrelinhas da ata do Copom acredita que o recuo atual não vai emplacar como tendência. O relatório Focus, que inclui as estimativas de bancos e consultorias sobre indicadores econômicos brasileiros e é divulgado pelo BC toda segunda-feira (com dados da sexta anterior), tem uma amostra disso. Para este ano, a aposta é que a taxa Selic permaneça nos atuais 8,75%. Para 2010, espera-se que a taxa se eleve até chegar a 9,25%, no fim do ano.

Uma observação: as "top 5", as instituições apontadas pelo Banco Central como as que mais acertam em suas estimativas, divergem ligeiramente do consenso geral. Elas mostram 8,68% para o fim deste ano – ou seja, levam a crer em mais uma redução – e 9,7% em dezembro de 2010. Para esses, portanto, será preciso uma ação mais intensa do BC no ano que vem.

Isso quer dizer que...

... Para o tomador de crédito, seja empresário ou pessoa física, há sinais de que os empréstimos e financiamentos podem voltar a encarecer no ano que vem. Má notícia, portanto.

Mas ainda há um caminho para que ela se concretize. Os bancos andaram se preparando para uma elevação na inadimplência que realmente ocorreu, mas não na mesma medida. Isso significa que os juros atuais incluem uma proteção anticalote que, espera-se, as instituições vão retirar logo – o que significaria taxas menores na ponta do consumidor.

Mas para isso acontecer, só com alguma pressão. É que o mercado brasileiro está sempre ávido por crédito e quando a demanda é grande o preço sobe mesmo. A pressão, então, precisa vir de cima. Não baixando juro bancário por decreto, mas ampliando a oferta e estimulando a competição.

Psiu!

O acordo anunciado ontem entre o Itaú/Unibanco e a seguradora Porto Seguro resultou numa das mais instigantes siglas do mercado, ideal para chamar a atenção dos clientes. A fusão levou à formação da Porto Seguro Itaú Unibanco (Psiu), que será administrada por uma empresa chamada Psiupar.

Continua...

... na próxima semana. Até lá a comunicação continua pelo email. Está ali em cima.