Sabia que o assunto despertava atenção, mas fiquei surpreso com a repercussão da coluna da semana passada, que tratou do preço dos imóveis. Vários leitores escreveram, a maioria com uma pergunta básica: compro agora ou espero?
Qualquer resposta deve levar em conta o momento da vida das famílias envolvidas.Para quem está pagando aluguel e tem dinheiro disponível, a compra de um imóvel para moradia é mais urgente do que para aqueles que querem mudar de vizinhança, por exemplo.
O consultor financeiro Altemir Farinhas acredita que o momento já é bom para os compradores porque os descontos estão expressivos, principalmente para quem tem condições de pagar à vista. A regra vale para imóveis usados, mas talvez ainda mais para os novos, porque as construtoras e incorporadoras andam com estoques bastantes altos.
Mas não é só isso que importa na hora de fazer um investimento tão importante quanto a compra de uma casa ou apartamento. O momento é importante, mas as perspectivas futuras podem ser cruciais. O mais comum é as famílias entrarem em financiamentos, com prazos que podem ir até 30 anos. Por isso, a dica de Farinhas é olhar para o seu trabalho e as condições que o cercam. Como vai o setor? As vendas estão estáveis, em queda ou andam subindo? A empresa está em boa fase? Os autônomos precisam levar em conta as suas reservas: elas dão conta das despesas se o ambiente de negócios piorar?
Todas essas questões importam porque estamos em um cenário de crise, com recessão prevista para todo o ano. E 2017 parece que não vai dar refresco – a estimativa do FMI para o PIB brasileiro, divulgada na terça-feira, é de crescimento zero. Em resumo, a ideia central é: vai dar para pagar as prestações? Se você não estiver 100% confiante, é melhor não se comprometer agora.
Feliz 2018
Sublinhando o que diz a pesquisa do FMI, a tendência é que 2017 seja mais um ano perdido em termos de crescimento econômico. A agonia de 2016 (que muitos empresários já batizaram como “o ano da quebradeira”) tende a ser prorrogada.
O FMI aponta quatro fatores de risco para a economia global, e todos eles pegam o Brasil de jeito: uma desaceleração mais intensa na China (maior parceiro comercial do Brasil), uma apreciação mais intensa do dólar, um aumento nas taxas de juros dos EUA (cujo resultado seria uma migração de recursos do Brasil para aquele país) e uma escalada em tensões geopolíticas.
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