Com os juros em queda, o investidor vem sendo forçado a buscar novos caminhos. Entre os mais populares estão os papéis derivados do mercado imobiliário (fundos imobiliários, letras de crédito imobiliário, certificados de recebíveis imobiliários), que já foram alvo de comentários neste espaço. Mas há uma classe de papéis aparentada desses, um pouco menos conhecida, que também tem recebido atenção dos investidores. São as letras de crédito do agronegócio (LCAs), cujo valor total no mercado cresceu 15% entre dezembro de 2011 e dezembro de 2012. O leitor Wolnei ouviu falar delas, mas ficou em dúvida. É ou não bom negócio?

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Começando pelo básico, as LCAs são títulos que os bancos emitem com lastro nos empréstimos que fazem para a cadeia agrícola. No fim do ano passado havia R$ 22,1 bilhões em LCAs no mercado. O principal emissor é o Banco do Brasil, por uma razão bem natural: a instituição responde pela imensa maioria do financiamento agrícola do país. Há outras instituições que trabalham com o título, mas o BB tem se empenhado em popularizar o papel. Exige investimento mínimo de R$ 30 mil – em outros bancos só dá para começar com valores bem maiores, de R$ 300 mil para cima – e promete liquidez diária (há bancos que exigem que o cliente deixe o dinheiro aplicado por, no mínimo, seis meses). "As condições de carência e rentabilidade são definidas pelo banco emissor", explica o consultor financeiro Fernando Fricks, da consultoria Diversinvest. Normalmente, as condições são mais favoráveis para quem tem maior valor investido.

A rentabilidade das LCAs é definida como um porcentual do CDI – este último é uma taxa de juros usada nas negociações entre bancos, e equivale, mais ou menos, à Selic. Um pequeno investidor pode obter ganhos próximos a 85% do CDI. Alguém que tiver investimentos de R$ 1 milhão ou mais administrados pelo banco pode obter 93% ou pouco mais que isso.

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Mas e aí? É um bom negócio ou não? É bom porque as LCAs são isentas de Imposto de Renda – assim como seus parentes ligados ao mercado imobiliário e a caderneta de poupança. Esse benefício faz muita diferença na rentabilidade real, aquela que cai no bolso do investidor. Mas não esqueça de comparar taxas e de colocar tudo na ponta do lápis.

Previdência

Maurício de Paula Soares Guimarães, presidente da OABPrev Paraná, enviou e-mail para comentar a coluna da semana passada, que falava de previdência para crianças. Ele lembra que há planos fechados ligados a organizações profissionais que praticam taxas de administração menores que as do mercado, inclusive para produtos específicos. É o caso da própria OABPrev, que atende os advogados paranaenses interessados em poupar para a aposentadoria, e também de outras instituições ligadas a órgãos de classe ou sindicatos.

Esses planos podem, realmente, ser bem vantajosos. Antes de comprar um plano de previdência privada, vale a pena verificar se o seu sindicato não oferece essa possibilidade.

Mudando de assunto...

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Uma das grandes vitórias do Brasil nos últimos anos foi a redução da desigualdade social. Ainda existe um abismo entre os mais ricos e os mais pobres deste país, mas na última década foi possível vislumbrar um futuro melhor. Entretanto, é bom observar que há fatores que conspiram contra essa melhoria, que se tornaram mais agudos nos últimos meses. Um deles é a inflação. Ela afeta principalmente os mais pobres, que têm menos instrumentos para se proteger da variação de preços – o mais típico deles, a caderneta de poupança, anda perdendo para o IPCA, conforme você vê na matéria abaixo.

Por outro lado, as medidas que o governo tem tomado para mitigar os efeitos da crise têm características de concentração de renda. Cada empréstimo do BNDES com juros reais negativos tomado por uma empresa de médio ou grande porte é um passo a mais na direção da concentração de renda. Ainda mais se você levar em conta que as empresas têm usado esse e outros benefícios – IPI reduzido, por exemplo – para elevar margens de lucro, não para baixar preços. Vale lembrar que os juros pagos pela população em geral são aqueles de mercado, que continuam lá em cima.

Desconcentra, Dilma!

O papo está bom...

... mas a coluna fica por aqui. Mande seu comentário ou dúvida para financaspessoais@gazetadopovo.com.br.

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