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O leitor Luiz, correntista da Caixa Econômica Federal, recebeu uma sugestão do gerente e ficou desconfiado. O homem falou que seria bom negócio tirar parte do dinheiro que ele tem na caderneta de poupança e colocar em Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), emitidas pela própria Caixa. Como ele não conhecia essa aplicação, ficou em dúvida. O que é isso? Vale mesmo a pena?

As perguntas são oportunas porque muita gente pode estar se deparando com esse tipo de investimento nos últimos tempos. Como os juros da renda fixa estão baixos, vários produtos financeiros pouco conhecidos estão sendo ofertados a clientes que até agorinha estavam satisfeitíssimos com seus fundos DI, por exemplo. Entre esses produtos estão alguns derivados do mercado de imóveis. É o caso da LCI, à qual Luiz acaba de ser apresentado, dos Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e dos Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs).

As LCIs são títulos emitidos por bancos, com lastro em operações de crédito imobiliário. Funciona mais ou menos assim: uma construtora qualquer lança um novo empreendimento – um condomínio com vários prédios, por exemplo. A maioria das unidades é vendida por meio de financiamento. Então o banco pega todos esses contratos de financiamento e os transforma em um título que pode ser vendido no mercado – esses são as tais letras. Quem garante o título é o banco emissor (no caso do Luiz, a Caixa Econômica Federal). Isso significa que, mesmo que o sujeito que comprou o apartamento der calote e não pagar a mensalidade, o banco tem a obrigação de cumprir com o prometido. Para a pessoa física, as Letras de Crédito Imobiliário têm a vantagem de serem isentas de Imposto de Renda e de não estarem sujeitas a taxas de administração, atributos que a caderneta de poupança também tem.

Mas será que elas podem ser mais vantajosas para o investidor do que a poupança? Levei o tema ao consultor Raul Ribas, especialista em gestão de recursos da Diversinvest. Ele explicou que a rentabilidade das letras varia de um emissor para o outro. "O mais comum é algo entre 90% e 92% do CDI", observa Ribas. CDI, o leitor deve lembrar, é o Certificado de Depósito Interbancário, uma taxa que serve de referência para as aplicações de renda fixa e cujo rendimento usualmente é muito próximo da Selic, definida pelo Banco Central. Assim, dá para dizer que, a valores de hoje, um rendimento de 90% do CDI seja equivalente a 7,8% ao ano. Mais do que a poupança tem dado recentemente. No ano passado, o rendimento acumulado ficou em 6,92%.

Antes de decidir, entretanto, é bom saber o prazo da LCI. Quem compra esse título precisa carregá-lo até o vencimento – são mais comuns os papéis de 180 dias e de 360 dias. Se o investidor precisar de dinheiro antes disso, terá de recorrer a outra fonte. Caso esses recursos sejam a única reserva do investidor, melhor não comprometê-lo todo – a gente nunca sabe quando vai passar por uma emergência, não é mesmo?

Finalmente, há a questão do valor mínimo para investimento. Mais uma vez, cada banco emissor resolve isso sozinho. Segundo o site da Caixa Econômica Federal, na instituição o valor mínimo é de R$ 50 mil. Esse é um aporte que pode ser considerado baixo para a categoria: Raul Ribas comenta que há bancos que oferecem esse mesmo título só para quem entra com R$ 250 mil ou R$ 300 mil.

Moda

Segundo Raul Ribas, os ativos ligados ao mercado imobiliário, como as LCIs, estão "cada vez mais na moda". O mesmo vale para as LCAs (letras de Crédito Agrícola, bastante semelhantes em geral às LCIs, inclusive no que se refere à isenção tributária para pessoas físicas) e os já citados CRIs. Só que estes últimos não são para qualquer um. São papéis de longo prazo (coisa de dez anos), destinados ao que o mercado chama de "investidores superqualificados" – gente com mais de R$ 1 milhão disponíveis.

Unimed

Na semana passada, a Unimed Curitiba divulgou suas demonstrações financeiras. O resultado mostra sobras de R$ 27,3 milhões – no regime das cooperativas, as sobras são equivalentes ao lucro das empresas privadas. Parece um resultado bom: em 2008, a cooperativa registrou perdas de R$ 17 milhões. Mas a auditoria da Deloitte Touche Tomatsu, que também consta da publicação, aponta problemas. De acordo com o relatório dos auditores independentes, as demonstrações "não representam adequadamente a posição patrimonial e financeira da Unimed Curitiba – Sociedade Cooperativa de Médicos em 31 de dezembro de 2009, nem as sobras e perdas de suas operações, nem as mutações de seu patrimônio líquido, nem os seus fluxos de caixa e nem os valores adicionados referentes ao exercício findo naquela data, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil".

Um dos aspectos que a auditoria destacou foi a forma como a cooperativa contabilizou valores sob disputa judicial. O parecer observa ainda: "Na eventual situação de desfecho desfavorável desses processos, a Cooperativa dependerá de aportes de capital dos cooperados e/ou de acordo com os órgãos públicos para viabilizar o pagamento de eventual obrigação e a continuidade de suas operações."

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