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De vez em quando recebo por aqui livros sobre temas ligados à coluna. Raramente os leio. Con­­fesso isso não por alguma pretensão intelectual ou por pose de especialista – não sou, e espero que os leitores me entendam: a virtude de um jornalista normalmente está mais na qualidade das fontes que ele ouve do que nos seus próprios atributos. É que a maioria desses livros é ruim de doer. Especialmente aqueles que apregoam caminhos para atingir a "independência financeira".

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Para quem não está familiarizado com essa expressão da moda, independência financeira é a capacidade de obter por meio de investimentos renda suficiente para cobrir todas as suas despesas. Assim, o indivíduo pode dedicar seu tempo e esforço ao que quiser, sem a pressão de ter de colocar pão na mesa e iogurte na geladeira. Antigamente usava-se a expressão "viver de rendas", que era mais ou menos equivalente, embora te­­nha, com o tempo, adquirido co­­notação negativa. Ela remetia a jovens aposentados de luxo, que passavam o tempo apenas consumindo um capital que vinha sabe-se lá de onde. Por trás da ideia da independência financeira está a possibilidade de a pessoa obter sustento enquanto busca viabilizar algum negócio ou estuda para melhorar suas qualificações.

A questão é que ninguém conquista isso com discurso. Tenho na minha mesa agora um livro que promete 21 segredos para alcançar seus objetivos e enriquecer. Inclui capítulos com os títulos "Cerque-se das pessoas certas" e "Seja uma pessoa determinada e orientada para a ação", que servem tanto para quem quer enriquecer quanto para quem quer casar. Ou não?

Para chegar à tal independência é preciso ter patrimônio considerável, algo como R$ 1 milhão ou mais. Dias atrás tive uma conversa com Maria Eugênia López, diretora da área de private banking do Santander, uma divisão que atende clientes que entregam à administração do banco valores acima de R$ 3 milhões. Ela observou que há duas formas pelas quais as pessoas atingem essa faixa: ou elas herdam grandes somas ou enriquecem devido ao bom desempenho de suas atividades (de empresas ou do trabalho como profissional liberal). Nessa última categoria estão profissionais liberais que atingem aquele grau de excelência que lhes permite cobrar honorários altos; empreendedores que transformam em lucro algum investimento e muito trabalho; e indivíduos que obtêm grandes somas com a venda de participação em negócios próprios ou familiares.

Portanto, se você não nasceu rico, terá de trabalhar bastante para alcançar a independência financeira. Não vai ser nenhum livrinho com conselhos genéricos que irá ensiná-lo. Prefira obras que tenham a ver com a sua atividade e que possam transformá-lo em um profissional mais qualificado. Ou, apenas, em um ser humano melhor – o que também não é pouco.

Escondendo o tesouro

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A leitora Alessandra escreve contando que foi ao HSBC, on­­de tem conta, buscando informações para investir no Te­­souro Direto. A gerente de sua conta, entretanto, tem tentado direcioná-la para os CDBs da instituição, alegando que são tão lucrativos quanto. Segundo ela, o CDB ofertado paga 80% do CDI. Usando os dados de ontem, isso equivale a uma rentabilidade bruta de 9,12% ao ano. No site do Tesouro Direto há títulos prefixados que pagam a partir de 10,03% ao ano. Descontando a taxa de administração cobrada pelo banco (0,3%) chega-se a 9,7% ao ano – e essa é a menor taxa disponível entre os títulos pré-fixados. Ou seja: a Ales­sandra deve insistir no Tesouro Direto.

P.S.: Tanto no caso do CDB quanto no Tesouro Direto há ainda incidência de Imposto de Renda, que vai baixar um pouco a rentabilidade líquida.