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Financês

Nada mais que a obrigação

Reinaldo Gianecchini volta à tevê como garoto-propaganda do Banco do Brasil, desta feita acompanhado pela atriz Maria Fernanda Cândido. O mote da campanha é transparência – a instituição promete divulgar com detalhes tudo o que cobra do cliente.

Não faz nada mais que a obrigação. A lei manda que todos os bancos façam isso e, à sua maneira, eles até que cumprem. Em qualquer agência vai encontrar um cartaz do banco discriminando todas as tarifas cobradas do cliente, pessoa física e jurídica. Basta dar uma boa olhada – de preferência com uma lente de aumento, é claro, do contrário as letrinhas e números podem acabar se embaralhando.

As tarifas bancárias se converteram em um assunto sensível para as instituições. Com a queda nos juros de cheque especial e financiamentos (um movimento que foi iniciado pelos bancos oficiais e que levou a concorrência a baixar um pouco os seus preços), as tarifas ganharam importância como fonte de renda das instituições bancárias. Algumas elevaram os valores cobrados dos clientes. E poucos clientes perceberam, porque não são muitos os que fazem um controle fino daquilo que os bancos cobram.

Nesses tempos de portabilidade de serviços bancários, não chega a ser difícil transferir a conta de uma instituição para outra, mesmo que seja conta-salário. A questão é o incômodo que dá, principalmente quando você tem débitos automáticos e recebe depósitos de múltiplas fontes. Os bancos sabem que isso é chato de fazer, e contam com o desânimo dos clientes para levar a cabo essas mudanças.

O fato é que parece haver certo "agito" nesse mercado. Checando os registros de tarifas bancárias mantidos pelo site do Banco Central, percebe-se estabilidade nas tarifas cobradas pela maior parte das grandes instituições brasileiras. Levantei ontem os dados informados pelos bancos ao BC sobre duas tarifas bastante usadas por clientes nacionais: fornecimento de segunda via de cartão de débito e emissão de TED via internet. Bradesco, Santander, HSBC e Citibank cobravam ontem exatamente os mesmos valores de abril de 2012. Caixa, Banco do Brasil e Itaú baixaram suas tarifas. As quedas variam de 5,1% a 32,5% – veja os detalhes na tabela.

Não deixa de ser interessante perceber que as reduções de tarifas nesse período foram protagonizadas pelos bancos estatais e por uma instituição privada, o Itaú. Antes que os clientes de bancos privados se entusiasmem, antevendo um movimento generalizado, é bom observar o posicionamento dessas casas bancárias. O Itaú tem se colocado como uma alternativa para funcionários públicos das diversas esferas, nesse cenário em que a migração de contas é possível. Talvez isso explique melhor o fato de as suas tarifas "colarem" nas do BB (ao menos nas tarifas analisadas no levantamento).

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A publicidade do Banco do Brasil dá uma escorregada justamente no texto final, a "marca" do anúncio. Nela, os atores destacam o site que fala das reduções de juros e tarifas, intitulado Bom Pra Todos. Segundo o vídeo, o Banco do Brasil está "cada vez mais, bom pra todos".

Nas legendas que acompanham os atores, a vírgula faz diferença. Mas o áudio dói nos ouvidos. Seria melhor pra todos formular essa frase de forma diferente...

* * * * *

Quedas coordenadas?

Variação de algumas tarifas bancárias em nas maiores instituições brasileiras.

Transferência por TED via internet

-Banco Valor em abril de 2012 Valor ontem Variação

-Citibank R$ 8,60 R$ 8,60 0

-HSBC R$ 7,95 R$ 7,95 0

-Santander Brasil R$ 7,90 R$ 7,90 0

-Bradesco R$ 7,80 R$ 7,80 0

-Banco do Brasil R$ 8,00 R$ 7,40 -7,5%

-Itaú R$ 7,80 R$ 7,40 -5,1%

-Caixa R$ 7,50 R$ 6,50 -13,3%

-Segunda via de cartão de débito

-Banco Valor em abril de 2012 Valor ontem Variação

-HSBC R$ 7,90 R$ 7,90 0

-Bradesco R$ 7,90 R$ 7,90 0

-Citibank R$ 6,00 R$ 6,00 0

-Santander R$ 5,50 R$ 5,50 0

-Banco do Brasil R$ 8,00 R$ 5,40 -32,5%

-Itaú R$ 8,00 R$ 5,40 -32,5%

-Caixa R$ 7,00 R$ 5,35 -23,5%

Fonte: Banco Central do Brasil.

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