Todos os anos, empresas de proteção ao crédito (tipo SCPC e Serasa) e associações comerciais fazem pesquisas para saber com que os trabalhadores pretendem gastar seu 13.º salário. Em geral, esses levantamentos apontam que eles estão interessados em quitar dívidas e guardar recursos para as despesas do início do ano, em especial os impostos e, para quem tem filhos em escola particular, material escolar e rematrícula.
Segundo os dados do SCPC, que saíram na quarta-feira (23), é o que 72% dos brasileiros pretendem fazer. Quase a metade (48%) admite que não vai conseguir guardar nem um centavo do abono – esse número supera o da pesquisa do ano passado, em que 44% diziam que o “trêzimo” iria evaporar sem deixar marcas na conta-corrente.
O décimo-terceiro foi criado por lei em 1962 e regulamentado em 1965, como uma gratificação de Natal para os trabalhadores – um raro exemplo de legislação trabalhista instituída por João Goulart a ser respaldada pelo regime militar que o depôs. Algumas empresas o praticavam antes, como uma forma de incentivo aos trabalhadores.
Hoje, nos parece que há um óbvio interesse das empresas comerciais e industriais no 13.º. Afinal, sem ele a capacidade de consumo da população seria menor, em especial no fim do ano. Entretanto, à época de sua criação ele era polêmico. O projeto que o criou foi apresentado na Câmara Federal pelo deputado Aarão Steinbruch, do PTB do Rio de Janeiro, em 1959. Levou três anos para ser votado. Três meses antes da votação final, o jornal O Globo dava em manchete: “Considerado desastroso para o país o 13.º mês de salário”. Os empresários viam-no apenas como uma despesa a mais.
Hoje, disputam cada moedinha do seu 13.º, caro leitor. Cabe, no entanto, apenas ao trabalhador decidir para que vai servir o seu dinheiro. Não caia nas armadilhas do consumo nem das sextas-feiras negras. Seja sábio.
Aguinaldo
O décimo-terceiro não é exclusividade brasileira. Está presente em diversos outros países, em especial na América Latina. No México, equivale a pelo menos quinze dias de salário, e deve ser pago até 20 de dezembro. Na Argentina e no Uruguai são duas parcelas, em junho e dezembro. Na maior parte do continente, esse pagamento recebem o nome de aguinaldo – sim, como o nome próprio usado, com variações de grafia, no Brasil.
Dizem que, originalmente, os aguinaldos eram canções de Natal cantadas nas ruas por coros de crianças em troca de moedas, uma tradição europeia. Daí para designar um dinheiro que chega perto do Natal para alegrar das famílias foi um pulinho.
E você, o que vai fazer com seu aguinaldo?
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