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Financês

O preço de mudar

Em desenhos de antigamente, o Ano Novo era retratado como uma criança, muitas vezes um bebê, que substituía um Ano Velho já bem idoso. Era uma forma de traduzir em imagens as ideias de esperança no futuro e das experiências do passado, que ficam na memória.

Foi essa a imagem que me veio à mente quando recebi a mensagem do Danilo, leitor da coluna. Ele conta que é profissional liberal, de 41 anos, e tem feito regularmente depósitos de R$ 100 por mês para cada um de seus filhos – uma menina de 14 anos e um menino de 12 –, que já têm saldo de R$ 3 mil. O dinheiro vai para a caderneta de poupança, mas ele está procurando uma alternativa que dê mais rentabilidade e que seja compensadora no longo prazo.

Danilo não cogita aplicar na bolsa, por duas razões: já teve prejuízos com renda variável (seriam as memórias do Ano Velho de 2008?) e acredita que, neste momento, as ações estão valorizadas demais. Pensou no Tesouro Direto, em especial em títulos pré-fixados como as NTN-F, que têm juros de 12,23% ao ano para o vencimento em janeiro de 2017, ou de 12,35% para 2021. Mas será que vale a pena?

É bem provável que não, por causa do baixo valor das parcelas depositadas. Aplicações em fundos de investimentos, por exemplo, demandam valores mínimos de depósito, que não são compatíveis com o perfil definido pelo leitor. Mesmo o Tesouro Direto exigiria um pouco de empenho, já que o valor mínimo de investimento equivale a 20% do valor de um título – para os títulos mencionados por Danilo, seria necessário fazer uma aplicação mínima de perto de R$ 200. Assim, para manter uma aplicação individual para cada criança seria preciso mudar sua rotina e fazer investimentos bimestrais.

O consultor financeiro Raphael Cordeiro observa ainda que o custo de uma mudança como essa pode fazer com que ela não valha a pena. "Ele teria de abrir uma conta investimento, de preferência uma para cada filho, com o CPF deles", observa. Se eles não tiverem CPF – qual a criança que tem? –, Danilo terá de ir a uma agência dos Correios com os documentos deles, preencher os formulários e esperar perto de um mês para ter o cartão. Muita mão de obra para um ganho bem pequeno. "Se ele abrir cadastro em uma corretora de fora de Curitiba, o que vai gastar em Sedex para enviar os documentos vai comer a diferença de rentabilidade de quase um ano", diz Cordeiro.

Outra possibilidade é um fundo de previdência privada, que pode dar um ganho ligeiramente maior, mas dá a possibilidade de pagar menos Imposto de Renda – apenas se a declaração for feita pelo formulário completo, é bom lembrar. Cordeiro alerta que é necessário prestar atenção nas taxas cobradas pelo plano. Uma taxa de administração de 3% é o suficiente para que um plano conservador dê rendimentos líquidos menores do que os da poupança.

Um ano ímpar

Lendo uma revista de uma associação profissional, me deparei com a seguinte frase, em destaque entre as frases de um dirigente: "Tenho certeza de que 2011 será ímpar".

Eu também. Nessas épocas de mudança de governo e de dúvidas quanto à gestão da economia, nada como as certezas matemáticas. Sim, 2011 será ímpar. 2012 será par, 2013 será ímpar, 2014 será par de novo...

Primo

Uma curiosidade: além de ímpar, 2011 é um número primo – ou seja, só pode ser dividido por 1 e por ele mesmo.

Ao leitor, então, só me resta desejar um feliz ano primo, por que a coluna só volta a sair em 4 de janeiro de 2011. Até lá.

Enquanto isso...

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