E m geral, esta coluna costuma receber dois tipos de críticas. Tem as de viés político, que acusam o colunista de ser coxinha ou comunista – de vez em quando, uma mesma coluna desperta os dois tipos de reação. E tem aquelas que tratam da impossibilidade de poupar, observando que, para muitas famílias, não tem como escapar das compras a prazo.
Queria me ater a essa última categoria. Será que não dá para escapar mesmo?
Será que não é possível esperar alguns meses antes de trocar o aparelho de tevê, o celular, a roupa nova? É claro que há gastos que são essenciais e, eventualmente, alguns deles podem exigir um desembolso imediato. Mas não é o que costuma acontecer: o mais comum é comprar a prazo bens não duráveis e não essenciais.
Não custa lembrar que há dois tipos de compra a prazo que são plenamente justificáveis: imóveis (porque são bens de valor muito alto e que substituem o gasto do aluguel e, se for o caso, podem prover uma renda para o proprietário) e instrumentos de trabalho (uma ferramenta cara, mas que vai aumentar os rendimentos de um marceneiro, por exemplo, ou um carro melhor para um autônomo que costuma viajar a trabalho). Fora desses casos, o melhor é poupar. Nem que seja preciso apertar um pouco o cinto. O resultado costuma compensar, inclusive porque você vai saber que essa aquisição é fruto do seu esforço, não do dinheiro fácil (porém caro) que o banco oferece.
Sobre política
Tenho visto uma ruidosa campanha pedindo o fim do pagamento de salários aos vereadores (ruidosa mesmo, principalmente para aqueles que caminham no fim da tarde pela esquina da Rua Quinze com Muricy, onde ficam os manifestantes pedindo adesões a um abaixo-assinado). Sou contra, porque essa é uma medida terrivelmente antidemocrática.
Digamos que os defensores dessa ideia sejam bem-sucedidos e, a partir das próximas eleições, os vereadores tenham de ser voluntários, sem receber vencimentos. Quem o leitor acha que se candidataria? Provavelmente pessoas mais abastadas, que teriam dinheiro suficiente guardado para ficar quatro anos sem renda. Ou empresários prósperos, que podem se dar ao luxo de deixar os negócios por esse longo período. Um trabalhador assalariado ou profissional liberal – gente como imagino que deve ser a maioria dos leitores e, de resto, da cidade – não pode passar quatro anos sem salário. Assim, abolir o salário do parlamentar em uma cidade grande como Curitiba equivale a abrir mão da participação popular na Câmara.
Bem, há outro tipo de gente que pode aceitar numa boa passar quatro anos sem salário. É aquele cuja expectativa é obter dinheiro por meio de falcatruas, mensalões e faz-me-rir. Se é esse o tipo de político de que você gosta, vá em frente e assine o que quiser...
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