Luís Gustavo, leitor desta coluna, enviou um e-mail contando que vendeu no ano passado um apartamento e recebeu R$ 70 mil. Esses recursos estão reservados para saldar a parcela das chaves de um outro imóvel, que ele e a noiva estão comprando. Como a entrega do apartamento novo está prevista para dezembro de 2010, a dúvida do Luís é se ele aproveita o dinheiro disponível e adianta o pagamento das chaves ou se mantém os R$ 70 mil investidos. O desafio, nesse caso, é achar uma aplicação que renda mais do que o Índice Nacional da Construção Civil(INCC), usado para reajustar a parcela. No caso do parcelamento adotado pela construtora, não incidem juros sobre esse montante.
O INCC é um indicador calculado pela Fundação Getúlio Vargas, que mede a variação de materiais, serviços e da mão-de-obra na área de construção. No ano passado, ele andou meio arisco: ultrapassou 2% em maio, desacelerou no segundo semestre e fechou 2008 com um acumulado de 11,87%. Em janeiro, subiu 0,33% (veja na tabela a variação dos últimos cinco meses). De modo geral, o índice é influenciado pela demanda das construtoras: quanto mais aquecido está o mercado de imóveis, mais provável é que elas aceitem pagar mais caro por insumos como aço e cimento, e concordem em pagar mais para os seus operários.
No último domingo, a Gazeta do Povo publicou texto do repórter Fernando Jasper mostrando que as construtoras não estão seguras quanto ao ambiente de negócios para este ano, principalmente em relação ao segundo semestre. Mas estão certas de uma coisa: não será um ano de euforia, como tivemos em 2007 e 2008. Então, não é de se esperar um índice alto demais.
O planejador financeiro pessoal Raphael Cordeiro, a quem pedi que analisasse o caso do leitor, acredita que o INCC "tem forte tendência de ficar abaixo das taxas de juros no próximo período". Segundo ele, o índice dificilmente ultrapassará 12,5% nos 20 meses que separam Luís Gustavo da data em que ele deverá quitar a parcela das chaves do apartamento. Caso coloque seus recursos numa aplicação de renda fixa conservadora, como um CDB pré-fixado, o leitor pode conseguir uma remuneração acumulada de 17% ou seja, o investimento é mais vantajoso.
É claro que essas são estimativas, e não há garantia nenhuma de que esses números se realizem exatamente dessa maneira. Mas a tendência está presente, e deve ser levada em conta na hora de planejar seus investimentos. Em todo caso, há ainda uma outra vantagem em deixar para pagar mais tarde. A entrega do imóvel pode atrasar, e nesse caso é bom ter liquidez ou seja, a capacidade de dispor do dinheiro a qualquer tempo para fazê-lo render mais um pouco ou até para custear um aluguel se isso for necessário.
Mas preste atenção: essa fórmula é válida porque a parcela tem apenas correção monetária pelo INCC. Se tivesse juros, a história seria outra.
Consumidores, fora!
Há uma infinidade de maneiras fáceis de perder um cliente. Uma delas é fazer com que ele se sinta desconfortável na sua loja. É o que estão fazendo os hipermercados que, em nome da redução de gastos, desligam o ar condicionado no horário de compras. Fazem os seus funcionários suar e deixam o cliente com vontade de ir embora. Depois vão botar na crise a culpa pela redução do valor médio das compras. Vai entender...
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