Aparentemente, a inflação é uma realidade da qual não podemos nos livrar. O IBGE nos contou na semana passada que, só neste ano (janeiro a março), o IPCA já acumulou 3,83%. Ou seja, está pertinho do centro da meta, que é de 4,5% – aliás, tem gente que nem lembra mais dela, guarda apenas os 6,5%, que correspondem ao teto.
Por outro lado, é meio que consenso entre os economistas que vamos fechar este ano em recessão. Na última pesquisa Focus (feita pelo Banco Central toda sexta-feira, ouvindo economistas de bancos, corretoras, consultorias e universidades sobre os cenários que eles estão traçando para a economia e divulgada às segundas-feiras), o mercado previa uma geração de riquezas 1,01% menor que no ano passado.
Isso é bem ruim. Inclusive do ponto de vista político. Vale lembrar que crescimento do PIB só não ficou negativo em 2014 por um pouquinho (cresceu só 0,1%), portanto são dois anos seguidos de vacas magras. É em momentos como esse que ficam mais fortes as opiniões de quem é “contra tudo isso que está aí” – uma frase que demonstra um descontentamento difuso, capaz de servir de desculpa para muita loucura.
A realidade da inflação em alta com crescimento em baixa faz com que desperte um discurso que andou adormecido nos últimos anos: aquele papo de que “um pouquinho de inflação ajuda a crescer”. Se adotada, uma política nesse sentido levaria a afrouxar um pouco as restrições sobre o crédito, baixar os juros. O resultado seria um pouco mais de dinamismo no mercado e, também, uma abertura maior para a alta dos preços. O PIB cresceria, as pessoas voltariam a comprar mais, mas o dinheiro no bolso perderia um tantinho mais do valor. Bom negócio?
Difícil… Difícil principalmente porque a inflação machuca os mais pobres, e já vem machucando bastante. Quer ver?
Hoje em dia, olhamos principalmente para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), porque ele é o índice que serve de referência para a meta de inflação do BC. Mas o IBGE informa, sempre no mesmo dia que o IPCA, o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). O que diferencia os dois é, basicamente, o público que eles cobrem. O IPCA mede os reflexos da alta dos preços para as famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos (em valores atuais, entre R$ 788 e R$ 31.520). Para isso, trabalha com uma cesta básica de produtos que contempla um consumo médio para essa turma toda. Já o INPC é focado no pessoal com renda familiar entre 1 e 5 salários (de R$ 788 a R$ 3.940).
Pois bem: o INPC anda bem mais alto que o IPCA nos últimos meses, o que significa que a população mais humilde está sofrendo mais com a inflação. De janeiro a março, o IPCA nacional somou 3,83%, e o INPC, 4,21%. Em 12 meses, Em Curitiba, a conta é de 4,07% contra 4,95%.
Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada pelo INPC atingiu 8,42% (9,39% em Curitiba, que tem o terceiro maior índice do país). Será que esse pessoal aguenta mais inflação?
Proteção
Para se proteger dessa inflação, mais do que investir, é preciso saber comprar. É, eu sei que já falei isso na coluna da semana passada, mas convém sempre lembrar.
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