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Financês

Seguro ou previdência?

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Há um lado bom e um lado ruim na sofisticação crescente que o setor financeiro tem alcançado no Brasil. O ponto positivo é que há uma possibilidade muito grande de haver no mercado um produto financeiro que atenda perfeitamente as suas necessidades. O problema é você não encontrá-lo no meio de tantas opções diferentes.

É bom observar que o lado bacana supera o ruim – é sempre melhor ter alternativas do que ser obrigado a se contentar com soluções ruins por falta de variedade. Para não errar, o investidor deve ter duas coisas: aconselhamento correto e conhecimento prévio. Princi­­palmente o segundo, porque o investidor bem informado saberá mais sobre si mesmo e sobre os mercados onde pretende atuar, e assim poderá escolher o melhor profissional para ajudá-lo (seja um consultor, um gerente de banco, um corretor). Tudo acaba desembocando na educação financeira, para variar um pouco.

E há alguns produtos que são apresentados de forma sugestivamente dúbia, a ponto de deixar o sujeito sem saber muito bem o que pensar. Foi o que aconteceu com a Ludyane, que escreveu para a coluna perguntando sobre as diferenças entre seguro de vida e previdência privada. Isso porque a mãe dela contratou uma apólice de seguro que permite a ela "retirar o dinheiro após uma certa idade", conforme escreveu Ludyane. Dada a semelhança com produtos de previdência – pagamento mensal e benefício liberado a partir de um prazo pré-definido –, ela ficou em dúvida. O que ela quer saber é se essa modalidade específica de seguro pode ser mais vantajosa do que um plano de previdência.

Em primeiro lugar, é preciso lembrar que seguro e previdência costumam ser coisas diferentes. O objetivo da previdência é prover uma renda para a fase da vida em que as pessoas não podem ou não querem mais trabalhar. É uma das várias formas de poupar dinheiro pensando no futuro. Há outras, cada qual com sua vantagem. A da previdência é que você não precisa se preocupar com nada – não precisa comprar e vender ações ou imóveis ou compor uma carteira balanceada, por exemplo –, apenas em fazer seus depósitos periódicos. O banco cuida do resto.

Já o objetivo do seguro é reduzir o impacto financeiro de uma perda. O carro foi roubado? Se estiver segurado, você terá recursos para comprar um novo. Um cano do seu apartamento rompeu e está provocando infiltrações no apartamento de baixo? Uma cobertura específica no seguro de imóveis pode garantir o conserto sem que você tenha de pôr a mão no bolso. O mesmo vale em caso de morte ou invalidez: um seguro obviamente não consola esposa, marido ou filhos, mas pode impedir que eles passem necessidade quando não puderem mais contar com a renda de um membro da família.

Os seguros com cobertura de sobrevivência, que pagam o segurado quando ele atinge determinada idade, poderiam ser considerados um misto dos dois. Mas é bom lembrar que eles, normalmente, não pagam o mesmo valor que o cliente contratou para a indenização por morte ou invalidez, mas um porcentual dele.

Algumas famílias precisam mais de seguro do que outras. Quem tem filhos pequenos deve pensar seriamente em protegê-las "se um dia vier a faltar", para usar uma expressão de antigamente. Seguro é perfeito para isso.

Então a resposta para a questão de qual dos dois é melhor só pode ser uma: depende. Depen­­de de qual é o objetivo principal da pessoa. Se é dar tranquilidade para a família em caso de imprevistos, é uma boa opção. Se é poupar para a aposentadoria, é melhor ir direto para a previdência.

Seis reais?

Ouvi esta semana que um plano odontológico, um dos líderes do mercado nacional do segmento, anda pagando aos dentistas credenciados cerca de R$ 6 por consulta. Não é de admirar que a adesão desses profissionais seja baixa. Imagino que para eles seja forte a tentação de cobrar "por fora". É ilegal, mas o valor que eles recebem pode muito bem ser classificado como imoral.

Como forma de proteger os direitos do consumidor – que precisa receber uma prestação de serviço condizente com o valor que recolhe –, a Agência Nacional de Saúde Suple­­mentar deveria fiscalizar também os valores repassados aos profissionais.

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