Quanto dinheiro é pouco dinheiro? E a partir de quanto dá para dizer que temos muito?
Perguntas como essas são difíceis de responder, porque são subjetivas. Dependem da experiência pessoal de cada um, de suas expectativas e necessidades e da forma como se relaciona com suas carências e posses.
Pensei nisso quando li o e-mail do Erick. Ele tem 24 anos e conta que quer “adquirir a disciplina e o hábito de reduzir custos e economizar para investir”. Ele tem R$ 300 mensais disponíveis para aplicar e pede indicações.
O interessante da questão do Erick é que ela pode valer para muita gente. Apertando um pouquinho, é possível para a maioria das famílias economizar algo como R$ 300 (ou R$ 200, R$ 100, que seja). O importante é começar. Começando cedo, melhor, porque há mais tempo para que os juros multipliquem o dinheiro. Um jovem em seu primeiro emprego, morando com os pais, consegue economizar um pouquinho. Um estagiário pode até pensar em poupar um tanto da sua bolsa.
E o valor? Para você, leitor: R$ 300 é pouco ou é muito?
Tudo depende. Para os bancos, é pouco. O sujeito que investe valores abaixo de R$ 1 mil costuma ser meio penalizado pelas instituições, que cobram dele taxas de administração mais altas nos fundos de investimento. Quem investe de R$ 1 a R$ 1 mil em um fundo DI, por exemplo, paga uma taxa média de 3,15% ao ano. Quem investe de R$ 1 mil a R$ 10 mil paga 1,03% ao ano. Os dados são da Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais (Anbima) e constam em relatório mais recente sobre taxas de administração, com dados de fevereiro deste ano. O relatório completo você pode ver em http://goo.gl/B2pyBs.
Começar onde?
Para quem está investindo, R$ 300 é bastante. Afinal, é o valor que ele conseguiu guardar e que quer aplicar para poder desfrutar mais tarde. Naturalmente, ninguém quer ver seu dinheiro mal aplicado – mesmo que ache o valor baixo.
Há alguns anos, costumava-se dizer a investidores como o Erick que a melhor saída seria guardar o dinheiro por um tempo na caderneta de poupança e, quando conseguisse recolher uma soma um pouco mais alta (algo como R$ 3 mil ou R$ 5 mil), buscasse uma alternativa mais rentável. Essa dica continua válida. A questão é que agora as coisas estão mudando um pouco, em especial por causa da popularização do Tesouro Direto. Isso traz mais opções para quem está começando.
O pessoal do Tesouro andou se esforçando para melhorar o mercado de títulos públicos para o pequeno investidor, e conseguiu. Hoje é possível comprar títulos gastando um mínimo de R$ 30. Essa é uma opção interessante para o Erick.
Ele só não falou qual é o uso que ele pretende dar a esses recursos e essa é uma variável importante porque está relacionada com o prazo do investimento. Os títulos do Tesouro são mais previsíveis quando carregados até o vencimento (ontem, os papéis disponíveis com vencimento mais próximo eram para janeiro de 2018 e maio de 2019). Ao vender fora desse prazo, o investidor receberá o valor de mercado do título, que resultará em uma rentabilidade diferente do que o esperado (menor ou maior, dependendo das condições do momento). Os papéis denominados Tesouro IPCA + e Tesouro Selic podem servir para o Erick, ou para qualquer um em situação semelhante. Mas antes de decidir, veja qual é a taxa de administração que o seu banco cobra pelo Tesouro Direto.
Diversificar
Se o dinheiro for aplicado por um bom tempo, dá para pensar em diversificar. Pôr uma parte em renda variável (ações) pode ser interessante, principalmente se você pensar em um prazo muito longo. Aí já não é coisa para R$ 300. Mas sonhar não custa nada, não é mesmo?
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