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Financês

Trocando CDBs

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O leitor Netto enviou uma pergunta interessante. Ele tem feito investimentos em Certificados de Depósito Bancário (CDBs) nos últimos três anos. Quando começou a montar a carteira, os papéis de seu banco estavam pagando cerca de 90% do CDI, que é a taxa que serve de referência para essa aplicação. Mas o cenário foi mudando, e hoje ele encontra na mesma instituição (HSBC) oportunidades para receber 97% do CDI. Ele procurou o gerente de investimentos, e perguntou se seria possível trocar os papéis que já havia comprado por outros, de melhor rentabilidade. Descobriu que é possível – só que ele teria de sacar seu investimento, e nesse caso teria de pagar Imposto de Renda sobre a aplicação.

A questão é: vale a pena fazer essa migração?

Repassei a dúvida para o planejador financeiro pessoal Raphael Cordeiro, que presta consultoria em gestão financeira para pessoas e famílias. A opinião dele é que a troca é vantajosa, mesmo tendo de pagar o IR.

Cordeiro explica que a variável mais importante nesse caso é o tempo pelo qual o investidor pretende manter os recursos aplicados de agora em diante. Se não for mexer nele por mais de um ano, vale a pena fazer a troca, porque o rendimento adicional vai compensar o custo dos tributos. Uma ressalva apenas para os investimentos muito recentes – se houver alguma aplicação com menos de seis meses de idade, é melhor esperar antes de mexer porque a tributação será muito alta (22,5% sobre o rendimento).

Em todo caso, vale a pena prestar atenção na dica do consultor: é preciso ficar alerta para a tributação antes de fazer qualquer investimento, para não comprometer sua liquidez.

As razões

Talvez o leitor esteja se perguntando porque o CDB registrou esse aumento tão forte na remuneração, de 90% (ou até menos, 88%, 87%) para bem perto de 100% do CDI. E isso em bancos de primeira linha – instituições menores estão pagando mais do que o CDI. A razão está no crédito.

A procura dos brasileiros por crédito de todo tipo – de empréstimos pessoais a CDC para compra de carros, por exemplo – fez com que os bancos intensificassem sua busca por fontes de recursos. O CDB é uma dessas fontes. Quando compra um título, o cliente está na verdade emprestando dinheiro ao banco, que repassará esses recursos aos seus clientes a um custo mais alto.

Por esse ponto de vista, a crise bancária dos últimos meses foi positiva para os investidores. Isso porque uma das fontes à disposição dos bancos é o mercado internacional, e esse ficou mais caro com a crise. Então tornou-se mais seguro e rentável para o banco elevar um pouco a remuneração dos CDBs, para ter caixa disponível para as operações de crédito.

Então, Netto, quem diria: os problemas que estão afetando os bancos lá fora estão colaborando para engordar a sua poupança.

Menos, menos, menos...

Pela terceira semana consecutiva, os economistas de bancos e consultorias rebaixaram a previsão de crescimento para o PIB brasileiro deste ano. O dado está no relatório semanal Focus, do Banco Central. O prognóstico, que na última semana de dezembro era de 2,44%, agora é de 1,5%.

É interessante observar que, normalmente, o mercado tenta se adiantar às crises. Antecipar os obstáculos ou as vitórias faz parte da cartilha dessa turma. Mas parece que as calculadoras andaram emperradas, e todo mundo andou mais otimista do que deveria no ano passado inteiro. Agora, as estimativas adaptam-se aos novos dados, e a cada semana vêm mais baixas.

Não seria surpreendente se errassem de novo, desta vez por excesso de pessimismo.

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