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Trocando de carro

O Aldair escreveu para a coluna contando que pretende trocar o carro. O carro não, os carros: os quatro veículos da família, que têm valor de mercado entre R$ 40 mil e R$ 50 mil. Ele comenta que se sente atraído por duas formas de aquisição, o financiamento com juro zero oferecido pelas montadoras e o consórcio. E pergunta se há vantagem nesta segunda modalidade.

Primeiro, uma palavrinha sobre o tal juro zero: ele não existe. Quando uma empresa oferece a venda parcelada sem juros, o que ela faz de fato é manter um preço à vista ilusório, superior ao que o consumidor pagaria se entrasse no negócio com dinheiro vivo. Faça esse teste. Chegue na concessionária, ouça a proposta do juro zero e, depois disso, diga que quer pagar o carro à vista. Não aceite a primeira palavra do vendedor, insista e peça mais desconto. É possível que o preço não baixe tanto, porque as montadoras colocaram na cabeça que dar descontos faz com que as pessoas deem menos valor ao produto – por isso usam eufemismos como “preço de fábrica”, “preço de funcionário”, “bônus”, “tabela antiga”, etc. Mas é possível que eles deem acessórios grátis e quitem IPVA e licenciamento, por exemplo.

Sobre o consórcio, em geral ele tem a vantagem que a taxa de administração costuma ser mais baixa que os juros cobrados pelos bancos. Mas essa vantagem diminui diante do propagandeado juro zero. Em geral, o consórcio é útil em duas situações: quando o sujeito não tem pressa em obter o bem (e pode esperar a contemplação) ou quando não tem disciplina para poupar por si próprio (nesse caso, a fatura do consórcio equivale a uma economia forçada). Se for esse o caso de Aldair, o consórcio pode ser uma boa opção.

É só comigo?

É só comigo ou mais alguém percebeu um aumento tremendo na quantidade de ligações de telemarketing? Tem dias que me ligam quatro ou cinco vezes, vendendo cartão de crédito, serviço bancário, tevê por assinatura, telefonia móvel...

Muitas dessas ligações vêm recheadas de incompetência: sistemas automáticos de telefonia fazem a chamada e depois passam a ligação para um “consultor” (pelo menos eles se intitulam assim), mas essa transferência demora e, quase sempre, a linha cai. Aí eles ligam de novo, e o que conseguem com isso é deixar o possível cliente irritado.

Um caso engraçado aconteceu dia desses, quando me ligou uma moça que explicou que estava entrando em contato porque eu fiz um cadastro em um site, no qual eu dizia que estava interessado em purificadores de água.

“Sim”, eu disse. “Fiz esse cadastro, sim. Já faz mais de três anos.”

Do outro lado da linha, a mulher ficou muda por um instante. E perguntou se eu ainda estava interessado no produto que ela estava prestes a me apresentar. É claro que eu não estava.

Meu palpite? A crise está batendo forte nas empresas e elas estão procurando clientes de todas as formas. Vale atacar pesado no telemarketing. E vale também tirar da gaveta cadastros velhos, mesmo que tenham mais de três anos. Vai que dá certo, né? Nessas horas, qualquer venda é bem vinda!

O problema: além de inoportunas – recebi uma ligação às 8h30 de sábado! – essas ligações raramente apresentam boas oportunidades de negócio. Quase sempre oferecem um benefício adicional bem embalado, mas caro. Aí fica difícil manter a paciência...

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