Uau! É a primeira coluna de 2017! E eu me acho diante da carta do Everton, enviada no alvorecer do ano, no dia 2 de janeiro. E o tema... é o mesmo da minha primeira coluna, em abril de 2008. E também da coluna de 2 de dezembro passado. Imóveis.
O tempo passa e o assunto volta, porque poucos temas provocam tanta dúvida e insegurança nas pessoas. É até natural: como comprar casa própria é um investimento alto (para muitas pessoas, o maior desembolso financeiro de toda uma vida), ninguém quer cometer erros e descobrir, mais tarde, que poderia ter gastado menos.
Vendo comentários aqui no site da Gazeta do Povo ou em outros locais, percebe-se que as pessoas assumem posições apaixonadas. Há os fãs incondicionais do investimento em imóveis, que acreditam que nenhum papel pode substituir a solidez tranquilizadora de um ativo feito de tijolos e cimento. Há aqueles que acreditam que um imóvel nunca se desvaloriza. E há os que perguntam – como o Everton – qual é a tendência, e se os preços vão cair.
Não vou dar uma resposta direta a isso, Everton, e por duas razões. A primeira é que aquela coluna do mês passado já entrava nesse assunto. A segunda é que há muitas variáveis a mais para olhar.
O índice Fipezap é o melhorzinho que nós temos para monitorar esses preços país agora. E ele não consegue refletir perfeitamente o comportamento do mercado porque ele se baseia nos anúncios feitos por um único portal, cujo alcance não é igual em todas as localidades. E ele mostra uma disparidade bastante grande de cidade para cidade.
Pelo Fipezap, Curitiba teve a maior alta no preço de venda no ano passado: 4,78%. Observe que, mesmo sendo o mais alto do Brasil, provavelmente ficará abaixo da inflação. (Mesmo que tenha uma pegadinha aqui: o IPCA só deve sair na semana que vem, mas ele deve vir na faixa entre 6,5% e 6,6%, a julgar pelo que apresentou o IPCA-15; dentro desse índice, a inflação de Curitiba deve ficar entre as mais baixas, lá por 4,8%.)
Além disso, imóveis diferentes podem seguir lógicas diferentes: um apê de dois quartos é um produto completamente diferente de um de quatro dormitórios. E há o fator crise: apesar de jurarem de pés juntos que o preço não baixa, as construtoras estão dando enormes descontos em feirões e na contínua caça que os corretores fazem aos compradores.
Um detalhe pode ser decisivo. E esse pode ser político. O governo Temer está louco para se livrar da recessão, e talvez venha por aí algum incentivo à construção civil. Nesse caso, os preços podem voltar a ter aumentos reais. Fique esperto.
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