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George Vidor

Em 82 foi pior

Paul Volcker, que ficou conhecido como Mister Dollar na época em que presidiu o banco central americano, agora é assessor econômico do candidato Barack Obama — favorito nas eleições presidenciais dos Estados Unidos amanh㠗 e nessa função ligou para Carlos Langoni com o objetivo de avaliar o impacto da crise financeira internacional sobre o Brasil.

Volcker foi incumbido de fazer tal avaliação não só em relação ao Brasil, mas ao conjunto dos Brics, ou seja, também China, Índia e Rússia.

Langoni presidia o Banco Central do Brasil na época da grande crise da dívida externa em 1982, e precisou pedir socorro a Volcker muitas vezes. E foi nesse período de agruras que os dois se tornaram amigos, levando Volcker mais tarde a conhecer o Brasil.Na conversa da semana passada, Volcker e Langoni concluíram que nessa crise as autoridades econômicas, os bancos centrais e as instituições internacionais estão mais bem preparadas para enfrentá-la, até porque o mundo passou por muitas turbulências e situações difíceis na década de 90, acumulando experiência. Na crise de 82, as autoridades não sabiam o que fazer nem tinham instrumentos adequados para detê-la.

Langoni disse a Volcker que para o Brasil a crise de 82 foi pior pois na época o Brasil não tinha reservas cambiais, importava 80% do petróleo que consumia (a um preço que seria hoje equivalente a US$ 100 o barril) e os bancos brasileiros estavam terrivelmente ameaçados. Até o Banco do Brasil quase quebrou por falta de condições de honrar pagamentos em moeda estrangeira.

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O empresário Jorge Gerdau diz que seu grupo tem R$ 3,5 bilhões em caixa, o que lhe dá fôlego para atravessar a crise de crédito internacional. No Brasil, duas das maiores companhias da Gerdau estão em fase de conclusão de investimentos: em março de 2009 ficará pronta a nova aciaria que elevará a capacidade de produção da Cosigua, no Rio, de 1,2 milhão para 1,9 milhão de toneladas (vergalhões, principalmente) por ano, de modo que não será por falta de aço que a construção civil deixará de crescer; também no ano que vem entrará em operação novo laminador da Açominas.

O grupo não sofreu perdas com operações de derivados de alto risco no câmbio porque não considerava essas aplicações necessárias em face da proteção natural que a Gerdau já tinha com os investimentos feitos nos Estados Unidos. No entanto, o empresário acha compreensível que outras grandes empresas brasileiras tenham recorrido a esse tipo de transação financeira para compensar a perda de rentabilidade nas exportações. Além disso, observou, nunca ninguém chegou a imaginar que o dólar voltaria a bater na casa de R$ 2,45, tão repentinamente.

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No debate que o Encontro Nacional da Indústria promoveu sobre os gargalos da infra-estrutura brasileira, a ministra Dilma Rousseff concordou com as críticas em relação ao licenciamento ambiental para projetos de hidrelétricas. Pelas regras atuais, é mais fácil se licenciar uma termoelétrica que queima óleo combustível do que uma usina hidráulica.

Dilma manifestou também sua indignação pelo descaso com o qual o país tratou o saneamento básico. "O maior exemplo disso é Manaus, uma capital cercada de água e com índices de saneamento lastimáveis". A ministra acha que o Brasil deveria adotar metas de universalização desses serviços, assim como fez com a telefonia e a energia elétrica.

Dilma prometeu ainda tornar realidade a eclusa de Tucuruí, obra que desde 1985 não sai do papel, e viabilizará uma grande hidrovia no Rio Tocantins.

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Esbarrei com o secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, na porta do centro de convenções onde se realizou o Encontro Nacional da Indústria, em Brasília, e ele negou de forma veemente que o governo não esteja mais interessado em levar adiante a reforma tributária. "Os efeitos da reforma serão todos de médio e longo prazos. A reforma não afetará a receita fiscal a curto prazo, e, por isso, não faria sentido adiá-la por causa da expectativa que a atual crise financeira internacional possa comprometer a arrecadação de tributos no ano que vem", disse. O secretário não consegue entender porque as pressões contra a reforma, vindas de São Paulo, têm aumentado, pois ao elaborar o projeto o Ministério da Fazenda teve o cuidado de evitar que os estados sofram perdas de arrecadação enquanto os efeitos positivos da simplificação nos impostos (ICMS, principalmente) não são colhidos por todos. Mecanismos de compensação foram previstos para o caso de perdas.

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O presidente da Transpetro, ex-senador Sérgio Machado, viajou para Nova Iorque para falar sobre a recuperação da indústria de construção naval no Brasil. A crise financeira internacional não chegará a comprometer o programa de renovação da frota da Transpetro (26 navios já foram encomendados) porque os recursos virão basicamente do Fundo de Marinha Mercante, que só podem ser usados para esse fim. O fundo recentemente recebeu um reforço de R$ 10 bilhões, o que levará a Transpetro a encomendar mais 23 navios. O primeiro desse programa deverá ser entregue em março de 2010.

vidor@oglobo.com.br

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