O desafio agora da economia brasileira é aumentar a poupança interna, para acelerar investimentos sem depender tanto de financiamentos externos. Isso significa que, da renda que vem sendo gerada pelo crescimento econômico, o país precisaria ir expandindo proporcionalmente mais a fatia destinada à poupança, e menos a que está sendo absorvida pelo consumo.
Não se trata de diminuir o consumo, que tem ainda muito espaço para crescer, atendendo a uma recém-promovida classe média, ansiosa por usufruir das comodidades que a vida moderna oferece. Essa expansão do consumo doméstico é inclusive um chamariz de investimentos, pois dificilmente essas inversões ocorreriam no país tendo como estímulo apenas a perspectiva de conquista de mercados no exterior.
No entanto, na divisão do acréscimo de renda, é fundamental que a parcela da poupança interna se amplie. É o que os economistas chamam de propensão marginal a poupar. No caso do Brasil, o maior esforço de poupança é feito pelas empresas, e não pelos indivíduos. Ou seja, os lucros é que financiam o grosso dos investimentos no sistema produtivo. Mas é importante também que as famílias consigam poupar mais.
Do setor público espera-se a mesma coisa, mas isso tende a acontecer à medida que o déficit das contas governamentais for desaparecendo. Até recentemente, a poupança do setor público aparecia com sinal negativo nas contas nacionais. Havia então uma despoupança (o setor público absorvia assim poupança privada para cobrir seus gastos). Os valores já são hoje ligeiramente positivos, algo correspondente 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
A poupança interna anda por volta de 17% do PIB. O bolo precisa ser ampliado para uns 20%, pelo menos.
Nuclear
Jaime Cardoso, presidente da Nuclep, pede para esclarecer o fato de a estatal ter ficado de fora do contrato para fabricação da nova tampa do vaso do reator de Angra 1, a cargo da japonesa Mitsubishi. Na verdade, diz ele, a Nuclep era subcontratada da francesa Areva, e ofereceu preços de mercado e coerentes com a oferta apresentada pela Mitsubishi, cuja proposta foi a escolhida pela Eletronuclear.
Jaime, que tem se dedicado nos últimos anos a revitalizar uma empresa estatal que funcionava com grande ociosidade, quase sem encomendas, lembra que hoje a fábrica passa pelo período de maior atividade de sua história (produziu componentes para a plataforma de petróleo P-51 e montou os dois novos geradores de vapor de Angra 1). Para a futura usina Angra 3, a Nuclep fornecerá os três condensadores de vapor, os oito acumuladores do circuito primário e os 12 racks supercompactos para armazenar elementos combustíveis do reator. E desde já garante que os preços desses equipamentos serão os de mercado.
Mercado imobiliário
A reativação do mercado imobiliário tem ampliado o número de incorporadores, alguns dos quais inicialmente apoiados por clubes de investidores individuais que foram se transformando em fundos fechados. É o caso, por exemplo da Performance, companhia formada por um ex-executivo da Odebrecht (Luiz Oswaldo Leite) que se associou a Ricardo Dunin, brasileiro radicado nos Estados Unidos, que se dedicou nos últimos 20 anos a incorporar imóveis na Flórida com a crise no mercado lá obviamente redirecionou seus negócios para o Brasil.
A Performance não tem construtora. A estratégia da empresa é mobilizar recursos e propor parcerias a construtoras. Assim surgiu, por exemplo, o Hotel Ibis Santos Dumont, vendido para o grupo Galwan. Essa parceria eles vão repetir no mesmo local, com o Novotel Santos Dumont, previsto para funcionar no segundo semestre do ano que vem.
Petróleo
As perspectivas da indústria de petróleo tem atraído para o Brasil muitos fabricantes de equipamentos e prestadores de serviços, que só não se expandem mais rapidamente aqui porque esbarram na falta de capacidade do mercado brasileiro em formar mão-de-obra qualificada na velocidade que essas empresas precisam. Esse é o caso da Hydratight, companhia do grupo americano Actuant. Desde que se instalou efetivamente no país em 2006, com uma base em Niterói, ela vem crescendo a um ritmo de 80% ao ano, fornecendo equipamentos para conexões de tubos que não podem levar solda. Algumas dessas ferramentas chegam a ter quatro metros de comprimento.
Tais resultados incentivaram a cúpula da companhia, em Houston, a montar uma fábrica de ferramentas no Brasil, para atender também ao mercado da América do Sul. O executivo brasileiro (Wilson Rabelo) sugeriu aos americanos iniciar esse processo com uma linha de montagem, avançando aos poucos na fabricação. Quer ganhar tempo preparando gente para atender a demanda pelos serviços, pois tem receio de produzir ferramentas em número que ultrapasse a quantidade de pessoas capazes de manuseá-las.
Juros
A trajetória das taxas básicas de juros no Brasil se assemelha ao jogo em que se vai andando para frente e de repente o jogador cai numa casa que o obriga a voltar alguns ou vários passos atrás. Foi o que aconteceu na reunião do Copom da semana passada. Ou seja, no caso, retrocedemos a 2006.