Nota

Feirão de máquinas

Os tradicionais feirões de carros novos, que mobilizam montadoras e concessionárias Brasil afora, chegam ao segmento de máquinas agrícolas. No último sábado, centenas de pessoas participaram em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, do 2.º Dia TratorNew, um esforço concentrado de vendas de colheitadeiras, tratores, implementos e serviços. Com preços e condições diferenciadas nas aquisições, na parceria com montadora e o banco da marca – no caso, a New Holland –, a revenda consegue movimentar em duas semanas (período em que se desenvolve a ação) o equivalente a três meses de faturamento. O feirão também permite ao produtor antecipar suas compras via PSI ou Moderfrota e garantir o recurso previsto no Plano Safra 2014/15 e que ainda não foi liberado.

A operação de vender e comprar trator e colheitadeira movimenta campo e cidade, com reflexos na economia urbana e rural. Em tempos em que o agronegócio tem participação relevante e decisiva na economia do país, nem poderia ser diferente. Além, é claro, de elevar o nível de tecnologia, aumentar a produtividade e tornar a atividade cada vez mais competitiva. O sábado contou muita tecnologia, mas também com muito relacionamento e envolveu a família do produtor, uma estratégia que considera a opinião da mulher e do filho do agricultor na decisão de compra.

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De janeiro a abril, as exportações de soja pelo Porto de Paranaguá cresceram 117% em relação ao primeiro quadrimestre de 2013. Foram de 1,8 milhão para 3,95 milhões de toneladas. É certo que nesse período do ano passado o terminal estava focado nos embarques de milho, por uma questão de mercado. Ainda assim, uma variação expressiva nos embarques da oleaginosa, que também se explica pelo apetite do mercado internacional. No Brasil, as exportações dos quatro primeiros meses foram quase 50% maiores. Um cenário que de certa forma sugere que o crescimento no porto paranaense não seja apenas uma substituição do milho que teve prioridade no início do ano passado. Mas porque o mercado da soja vive, de fato, um momento de maior liquidez. As vendas externas brasileiras do grão passaram de 11,65 milhões para 17,30 milhões de toneladas.

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O realizado até o momento sugere que o país tem potencial para superações. Exportar mais do que na temporada anterior é certo. A expectativa agora é ultrapassar a marca que vem sendo trabalhada pelo mercado, que segue o número apontado pelo USDA, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, de 45 milhões de toneladas. A partir de modelos matemáticos e projeções de fundamento, que consideram sobretudo oferta e demanda, o Agronegócio Gazeta do Povo estima que o país deve embarcar perto de 48 milhões de toneladas, volume quase 13% acima do ciclo passado. É sempre bom lembrar que a marca, qual seja, consolida o Brasil como o maior exportador mundial de soja em grão. Aliás, os norte-americanos têm, inclusive, importado soja tupiniquim para honrar contratos e garantir um estoque mínimo até a entrada da nova safra.

Ou seja, o impulso do mercado tem vindo da demanda. Faltando três meses para terminar a temporada, os EUA praticamente não têm mais soja. E devem raspar seus estoques até agosto, quando termina o ciclo 2013/14. Em relatório divulgado na semana passada, o USDA mostrou que o volume de soja comprometido com o mercado externo já ultrapassa em mais de 1 milhão de toneladas a meta estipulada pelo órgão para a temporada e as vendas de óleo e farelo já se aproximam do total estimado.

O USDA projeta as exportações de soja em grão dos EUA em 43,5 milhões de toneladas. Os registros de exportação, no entanto, já passam de 44,9 milhões de toneladas e os embarques efetivos se aproximam de 42 milhões de toneladas. No caso do óleo, as vendas somam 634,8 mil toneladas, muito próximo à meta do USDA para a temporada (750 mil toneladas). As exportações de farelo também estão aceleradas: 9,4 milhões das 10,1 milhões de toneladas previstas já foram vendidas.

Diante desses dados, o mercado espera que as estimativas de exportação de soja, óleo e farelo dos EUA na temporada 2013/14 sejam reajustadas para cima no próximo relatório de oferta e demanda para que as contas fechem. Os movimentos têm sustentado os contratos da safra velha e os preços atuais no Brasil. O julho/2014 está acima de US$ 15 por bushel, o agosto/2014, em US$ 14 e o setembro/2014, na faixa dos US$ 13. A partir do novembro/2014, que sinaliza preços para a nova temporada norte-americana, os preços já estão na casa dos US$ 12 por bushel, refletindo a expectativa de grande produção no país no ciclo 2014/15. O quadro requer muita atenção do produtor brasileiro com as cotações. O contrato de julho/14, por exemplo, que encerrou 2013 valendo US$ 12,64, fechou o pregão de sexta-feira a S$ 15,15. Ou seja, ganhou US$ 2,51 em 2014.

Avaliações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, também mostram o avanço das exportações do agronegócio brasileiro no início de 2014. No 1.º trimestre, segundo o Cepea, o setor representou 45% do faturamento obtido com todos os itens exportados pelo país. O faturamento dos embarques do agronegócio em moeda nacional, conforme cálculos do centro, aumentou 9%.

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