Uma comitiva paranaense desembarca hoje em Moscou para a importante e árdua missão de negociar com os russos. A motivação da viagem está na 22ª Worldfood, uma das maiores e mais importantes feiras de alimentos e bebidas do mundo. O objetivo, porém, é mais amplo. Representantes do púbico e do privado, liderados pela Secretaria Estadual da Agricultura (Seab), vão discutir a derrubada dos embargos e das ameaças às carnes do estado. Como principal comprador de proteína animal do Brasil, as restrições impostas pelo mercado russo representam grande impacto na exportação e rentabilidade da carne brasileira. Um dos exemplos está na produção de suínos do Paraná. Desde os embargos em junho de 2011, a receita com os embarques dessa carne pelo estado recuou quase 30% em volume e mais de 20% em receita.

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O secretário Norberto Ortigara, um dos integrantes do grupo que chega a Moscou, acredita que o houve avanços na cadeia produtiva da carne que serão colocados como argumentos à retomada abertura desse mercado. Entre eles está a criação da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), com estrutura exclusiva e específica para o cuidado com a sanidade. Inácio Kroetz, diretor-presidente da Adapar, está entre os negociadores que acompanha a missão. Aliás, um grande e experiente negociador. Ex-secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Kroetz desfruta de amplo conhecimento e prestígio junto à comunidade internacional de saúde animal. Com um trânsito, inclusive, que a estrutura pouco técnica e mais política da atual configuração do Mapa não consegue estabelecer.

Na linha de mostrar as suas credenciais, o estado vai mostrar ainda o programa específico de pecuária de curta duração. Projeto desenvolvido e realizado por técnicos da Emater Paraná, o programa orienta os pecuaristas a usar técnicas modernas, atuais e eficazes de manejo, reprodução, sanidade dos animais. Por outro lado, a Rússia dá sinais de que está disposta a ampliar seus negócios com o estado. No primeiro semestre deste ano duas plantas, das cooperativas Lar, de Medianeira, e C. Vale, de Palotina foram habilitadas à vender carne de frango para aquele país. Pode ser uma porta que se abre não apenas aos embarques de frango, mas à liberação de carnes bovinas e suínas. Também não vamos pensar que os russos resolveram ser bonzinhos com Paraná. Acredito, sim, na franca abertura desse mercado. Porém, mais por necessidade do que por opção.

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Nos últimos anos, a principal justificativa aos embargos à carne brasileira foi a febre aftosa. Contudo, o Paraná é considerado livre dessa enfermidade com vacinação desde 2000. O último caso notificado, embora ainda restem dúvidas sobre a manifestação da doença, foi em 2005. No Brasil, das 27 unidades da federação, 23 têm status de área livre com vacinação. No final ano passado o suposto caso da morte de um bovino pela mal da vaca louca causou polêmica, mas foi devidamente explicado e esclarecido que a doença não havia se manifestado. Ou seja, o Brasil está se cuidando e o Paraná mais ainda. Ainda estamos longe do ideal, mas mão dá para deixar de reconhecer que a prevenção é uma preocupação constante, a vigilância se esforça para manter tudo dentro do radar e que as respostas estão vindo. Então, não dá mais para tolerar barreiras que não sejam sanitárias. Embargos políticos ou comerciais não podem mais ser tolerados. E isso precisa ser dito aos russos.

TecnoFood Brazil

Para mostrar que por aqui tem produção, qualidade e sanidade, o Brasil também investe em sua feira de carnes. Em março será realizada em Curitiba a 1ª Tecno Food Brazil, feira internacional de proteína animal. O evento pretende reunir fabricantes de equipamentos da indústria frigorífica nacional e internacional bem como setores essenciais para o desenvolvimento da cadeia. Representantes do setor vão discutir a integração entre todos os elos da cadeia, da produção primária ao mercado interno e internacional. Para constar, os estados do Sul são os maiores produtores e exportadores de suínos e aves do país.

Recorde na Índia

Conforme antecipou a série de reportagens da Expedição Safra Gazeta do Povo na Índia, isso nas últimas três semanas, a produção de soja cresce no país asiático e deve estabelecer novo recorde no ciclo 2013/14. Com números do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos , o USDA, a agência Bloomberg noticiou na semana passada que a safra indiana de soja deve atingir 13,5 milhões de toneladas. Um pouco mais otimista, a Expedição aposta em um potencial para superar as 14 milhões de toneladas, com uma área de cultivo estimada em 11,8 milhões de hectares e uma produtividade média de 1,2 mil quilos/hectare.

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