Na próxima quinta-feira, dia 23, o ministro Jorge Alberto Portanova Mendes Ribeiro Filho completa um ano à frente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Dono de uma relação pessoal com a presidente Dilma Rousseff, ele assumiu no lugar do então ministro Wagner Rossi, que deixou o cargo após denúncias de irregularidades na pasta. Homem de confiança do vice-presidente Michel Temer, Rossi caiu, mas o PMDB manteve o comando. Agora, porém, com um nome de confiança não mais do vice, mas da presidente da República. Chancela que, apesar da pouca ligação com o agronegócio, fortalecia o novo nome, que vinha da base parlamentar do Rio Grande Sul. De qualquer forma, naquele momento o destaque maior não foi a chegada de Mendes Ribeiro, mas a saída de Rossi, que nos bastidores foi comemorada pelo setor.

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O fato, porém, é que o Mapa tinha um novo comandante, com muitos desafios. Questões que iriam exigir não apenas afinidade técnica com a área, como habilidade política e de gestão para resgatar a imagem, promover as mudanças e conciliar a reestruturação da casa com as demandas do setor. E se ele está fazendo aniversário no cargo, quero acreditar que está conseguindo vencer o sistema, os processo e a burocracia, sejam eles políticos, administrativos ou então conceituais. Uma realidade que mostra, também, que há um ganho de legitimidade por parte do ministro, de competência técnica no entendimento não apenas do cargo como da causa. Se no início da gestão ele enfrentou críticas e resistências por não ser alguém de maior afinidade com o campo, nesse primeiro ano usou e abusou de seu reconhecido trâmite político para conhecer mais sobre o agronegócio, bem como para tentar convencer o governo sobre a importância da econômica agrícola para país.

Nesse período, muita coisa foi feita. Mas muitas ainda estão por fazer. Não dá para resolver problemas crônicos e históricos em apenas 12 meses. É o caso, entre outros, do desestímulo à produção de trigo e a falta de uma política eficiente para o seguro de renda e de produção. Isso sem falar das demandas pontuais, que precisam ser administradas, como a crise na suinocultura e agora na avicultura. Por outro lado, no entanto, o Plano Agrícola e Pecuário 2012/13, apresentado no mês passado, é sem dúvida o melhor de todos os tempos. Um verdadeiro pacote de estímulo econômico a partir do incentivo à produção. Uma conquista, sobretudo política, de convencimento não apenas do Palácio do Planalto, mas do Ministério da Fazenda e de tantos outros órgãos e estruturas públicas e privadas que interferem na definição das ações públicas de apoio ao agronegócio.

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Outras demandas como o Código Florestal e febre aftosa no Paraguai também testaram a capacidade de posicionamento e resposta da atual estrutura do Mapa a questões macros e estruturais, em que o ministério teve participação decisiva, quando não foi o principal protagonista dos fatos. Mas para Mendes Ribeiro, não o ministro, mas o cidadão, o grande desafio foi conciliar tamanha responsabilidade com um drama pessoal, de saúde, que temporariamente chegou a tirar o ministro de campo, mas não do jogo. As especulações tanto de sua capacidade técnica como de seu estado de saúde para manter-se no cargo foram muitas. Embora nunca tenham sido consideradas pelo Planalto, para quem todas essas turbulências apenas contribuíram para deixar o ministro da Agricultura ainda mais forte. Percepção fortalecida com o resultado da safra 2011/12, que deve ser histórica.

Contudo, a prova de fogo do Brasil e do Mapa ainda está por vir. A nova temporada, que tem início em setembro, com o plantio do ciclo 2012/13, deve testar não apenas a agricultura como o Brasil, que tem a oportunidade de superar e testar seus próprios limites. Graças a uma conjuntura internacional, de oferta e demanda, mercado, preço e clima favorável na América do Sul, o país pode sair de uma safra de 165 milhões de toneladas para mais de 180 milhões de toneladas. Bom para o governo, bom para o ministro e para o Brasil. Uma produção que tem preço e mercado, assim como destino certo, na Europa ou na Ásia. Vender então não é problema. A pergunta é: onde armazenar, como plantar e colher uma safra desse tamanho? Um gargalo que expõe e compromete o futuro do agronegócio brasileiro, não tem solução no pequeno e médio prazo e que precisa ser considerado quando se projeta um crescimento expressivo na produção.

Ao ministério, e ao ministro, resta considerar a questão e garantir o mínimo de recursos e estrutura para ao menos amenizar a situação. O Plano Safra aumentou o valor disponível, garantiu um limite maior ao produtor e reduziu os juros. O campo responde, se prepara para uma safra histórica e vai produzir muito, superando inclusive as previsões mais otimistas de produção. Temos preço e mercado, mas uma logística pouco ou quase nada competitiva. Essa é nossa grande oportunidade, de repor os estoques, atender uma demanda crescente e uma oferta prejudicada pelo revés na safra dos Estados Unidos.

De qualquer maneira, o Brasil está no lugar e na hora certa, assim como o ministro também. Depois de um ano turbulento como esse, administrar uma possível supersafra será o menor dos problemas. Se o primeiro ano foi de superação, o que está por vir vai exigir ainda mais dedicação, técnica, política e de gestão, dentro e fora da porteira, dentro e fora do governo.

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