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Giovani Ferreira

Mais potencial que risco em 2011/12

A primeira prévia oficial da próxima safra brasileira de grãos parece não ter traduzido o otimismo que contagia o campo. Depois de duas temporadas consecutivas de bons resultados, desempenho que nem mesmo a pior previsão climática foi capaz de comprometer, quando da ameaça do La Niña, o produtor segue confiante. Entusiasmo que se sustenta a partir de uma combinação favorável de oferta e demanda, câmbio, mercado interno e internacional. Na relação do perde e ganha, a cotação na Bolsa de Chicago cai, mas o consumo cresce, os estoques diminuem e o câmbio favorece.

Assim, o relatório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgado na semana passada até captou essa percepção ao projetar ligeiro aumento de área na soja e crescimento considerável no milho. Por outro lado, foi extremamente cético em relação ao volume total de produção, que segue na contramão e considera um recuo na safra nacional de 2011/12. Pessimista, conservador ou realista, o fato é que relatório do governo não pode ser subestimado. Como também não pode ser tomado como verdade absoluta. Vale lembrar que, do inicialmente projetado ao consolidado, a safra anterior foi 10 milhões de toneladas maior.

O clima mais uma vez será decisivo. E nem poderia ser diferente. Contudo, o comportamento dessa variável pelo menos por enquanto não antecipa grandes adversidades. É ponto comum entre os meteorologistas que ele não será dos melhores. Mas, a partir daí, ser ruim o suficiente para reduzir a safra de grãos, é pouco provável. Até porque a própria Conab estima um aumento de quase 1 milhão de hectares na área plantada com grãos. A considerar uma produtividade média no Brasil de 3 mil quilos por hectare de soja, por exemplo, a área adicional total prevista seria suficiente para produzir 3 milhões de toneladas do grão.

Mas projeções são para serem revistas, ajustadas e, por que não, contrariadas. O ciclo está apenas no começo. O que vale agora é o tamanho da aposta. As variáveis que vão influenciar o processo são incontroláveis, mas podem e devem ser monitoradas. Mais do que isso, elas podem ser previamente amenizadas com tecnologia adaptada, manejo adequado e planejamento. Não há dúvidas de que tanto o dado oficial como os privados serão revisados no caminho. Se para cima ou para abaixo, isso o clima vai dizer. São grandes as chances de aumento; na pior das hipóteses, deve haver estabilidade. Dificilmente haverá recuo na produção.

Vamos então ser otimistas e imaginar um ciclo dentro da normalidade, sem grandes variações climáticas ou qualquer outra anomalia. Sendo apenas realista e mantendo o crescimento médio verificado na última temporada, que foi de 5%, a safra 2011/12 tem potencial produtivo para buscar a marca das 170 milhões de toneladas de grãos. Projeção de risco, mas tecnicamente factível. Pelo menos por enquanto. Porque, a depender do clima, amanhã tudo pode mudar.

Para a Expedição Safra Gazeta do Povo, levantamento técnico-jornalístico que criou um novo indicador de safra no Brasil, uma safra de 166 milhões de toneladas, com 75 milhões de toneladas de soja e 60 milhões de toneladas de milho, parece um número bastante justo, a julgar as condições que se apresentam. O trabalho de campo que deve confirmar essa projeção, ou algo muito próximo desse número, começa hoje pela Região Sul. Daqui a três a quatro semanas, será possível ser mais preciso quanto ao tamanho da aposta e das chances de bom desempenho da nova temporada.

O risco existe. É implícito à atividade. Mas que em 2011/12 ele se limite, considerando possíveis e prováveis adversidades, a igualar a marca anterior. Ou seja, esperamos uma boa e grande safra.

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