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Dos paranaenses José Eduardo Andrade Vieira e Reinhold Stephanes a Francisco Turra, Pratini de Moraes e Roberto Rodrigues, nomes que, bem ou mal, se destacaram no comando da pasta nos últimos 15 anos, o Ministério da A­­gri­cultura já passou pelas mãos de técnicos, políticos, banqueiros e empresários. Agora, uma nova experiência. Com a saída de Wagner Rossi, que deixa o posto bombardeado por uma série de denúncias de corrupção, mais uma mudança. Ele é advogado, político, foi secretário de estado e cumpre mandato de deputado federal pelo Rio Grande do Sul. A indicação de Mendes Ribeiro Júnior encheu os gaúchos de alegria. A sociedade organizada daquele estado, em especial as entidades de classe ligadas ao setor, comemoram e fazem suas primeiras reivindicações. E nem poderia ser de outra maneira. Quando os ministros eram do Paraná, a reação do estado não foi diferente.

O que chama a atenção desta vez é qualificação invocada pelo ministro como credenciais à sua nova ocupação. Logo após o governo federal ter confirmado seu nome para assumir o ministério, em uma de suas primeiras entrevistas Mendes Ribeiro revelou habilidades como político e orador, mas não conseguiu convencer como representante legítimo do agronegócio. Pergun­tado sobre sua experiência na agricultura, ele simplesmente respondeu que é do Rio Grande do Sul, como se isso bastasse. Tudo bem que o estado do extremo-sul brasileiro é um dos principais produtores do país, ao lado do Paraná e Mato Grosso. Mas vamos combinar, ministro, que não basta ser gaúcho. Pode até ser um pré-requisito, não uma credencial. Ter informação sobre o setor – o mínimo que se espera de um deputado que representa um estado agrícola – não significa conhecer o setor ministro.

Não vamos confundir as coisas. A escolha mais uma vez adotou critérios políticos, os mesmos que endossaram Rossi e o mantiveram ministro por 18 meses. A Agricultura fica com o PMDB e continua sob a batuta do vice-presidente Michel Temer. Só resta saber se a operação da pasta será conduzida por técnicos ou apadrinhados políticos. O comandante não precisa, necessariamente, ser um especialista. Ele tem é que estar bem assessorado, técnica e juridicamente. No modelo brasileiro, o ministro precisa sim entender de política e gestão, ser ético e estar comprometido com o bem e os interesses púbico e comum. Mais do que o governo, quem precisa de um ministério acima de qualquer suspeita é o agricultor, é o agronegócio e a economia brasileira.

Tenho certeza que o Brasil admira o orgulho que tens de seu estado. Contudo, gaúcho, paranaense ou de onde quer que seja, o que lhe será cobrado, ministro Mendes Ribeiro, é lealdade. Não apenas ao seu partido ou ao governo, mas principalmente, e em primeiro lugar, ao produtor rural brasileiro. Porque esta deve ser a razão de existir do Ministério da Agri­­cultura. E ao senhor está sendo dada a chance e a oportunidade de fazer a diferença, como tantos outros fizeram, mesmo sem ter muita afinidade com o setor. Tivemos casos de ministros que tinham pouca ou nenhuma ligação com a área e que fizeram história. Eram pessoas que tinham vontade, liderança e visão, sabiam ouvir, respeitar e dialogar. Postura que lhes rendeu legitimidade, independente de indicação técnica ou política, referendada ou não pela cadeia produtiva.

O ministério, ministro, virou vitrine. O momento, ministro, é politicamente delicado, mas também de oportunidades. É a sua vez e a sua chance. Não de fazer certo ou errado e sim de fazer as coisas mudarem e acontecerem. Se o senhor acredita que o simples fato de ser do Rio Grande do Sul o credencia para o posto, ótimo, que assim seja. Só não vamos es­­quecer que Jorge Alberto Por­tanova Mendes Ri­­beiro Jú­­nior não mais é o re­­presentante apenas dos gaúchos, mas de todos os brasileiros, que direta ou indiretamente têm suas vidas impactadas pelo agronegócio. O senhor deixa de ser fiscalizado pelos 109.775 eleitores gaúchos que lhe garantiram deputado federal para representar mi­­lhões de brasileiros e um segmento que representa 1/4 do PIB na­­cional.

Compreendes tchê, o tamanho da res­­ponsabilidade?

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