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O Brasil experimenta um momento único no contexto da agricultura mundial. A produção nacional cresce, tem preço e mercado. Do ponto de vista econômico, de viabilidade do negócio, uma combinação de fatores altamente sustentável, de oportunidade e posicionamento do agronegócio brasileiro no comércio internacional. Estamos ampliando produção e exportação. Bom para o produtor, bom para o governo e para a economia brasileira, que começa a encarar a agricultura e pecuária não como um segmento que compõe o PIB (Produto Interno Bruto), mas como um setor fundamental, que sustenta e garante o crescimento do PIB e boa parte das divisas comerciais.

Pelo menos foi essa a mensagem que a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, quis passar no lançamento da Expedição Safra 2011/12, realizado na semana passada em Brasília. De certa forma, a simples presença da ministra em um evento focado na área já sugere que o governo federal tem um plano mais ousado para a agricultura. E quero crer, vai além do tradicional Plano Safra, importante política de apoio, mas que se restringe à mera concessão de crédito.

Gleisi Hoffmann chegou a comentar que o governo estuda um pacote de medidas estruturais de apoio ao agronegócio, uma espécie de PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da agricultura. De acordo com a ministra, o foco será infraestrutura, em especial de escoamento da produção. Segundo ela, o governo quer ampliar e melhorar a logística, gargalo que aumenta custo, onera o segmento e também o estado. Na avaliação da ministra, é o que o governo pode fazer para dar mais competitividade ao produtor e ao produto nacional. Porque no mais, que é produzir, o brasileiro sabe fazer e faz muito bem, sentenciou.

As discussões e definições do PAC da agricultura estariam entre as prioridades e teriam início no começo do próximo ano.

Se a intenção realmente se confirmar, as medidas chegam em boa hora e representaram o marco de uma nova era na agricultura do país. Mais do que nunca é preciso dotar a cadeia produtiva de infraestrutura, fator que hoje limita o crescimento, custa caro e tira nossa competitividade diante de concorrentes como Estados Unidos e Argentina, que ao lado do Brasil são os maiores produtores e exportadores de grãos. Na temporada atual, por exemplo, o país vai superar os Estados Unidos na exportação de soja. Os embarques brasileiros saltam de 30 milhões para quase 37 milhões de toneladas, enquanto que nos Estados Unidos cai de 40 milhões para 37 milhões de toneladas. Difícil será manter essa posição no ranking. O fato, porém, é que existe espaço e será preciso investir não apenas para se manter como principalmente para conquistar novos mercados.

Importante destacar que a produção brasileira só não cresce mais porque não tem mais espaço. E não estamos falando de terras disponíveis para o cultivo. Mas de armazéns, estradas, portos e ferrovias. A prévia apresentada pela Expedição Safra aponta para uma safra com potencial para 170 milhões de toneladas, uma variação positiva em 5% ante o ciclo anterior. A se confirmar, parece ser uma grande notícia. Mas a depender do ponto de vista, um grande problema. Com certeza no pico da safra vai faltar colheitadeira, caminhão e armazéns. Será comum, novamente, encontrar silos improvisados no pátio das cooperativas e os caminhões congestionarem o Porto de Paranaguá.

A Expedição acredita que o país tem condições de colher até 76 milhões de toneladas de soja e surpreendentes 64 milhões de toneladas de milho. É muito grão, que vai precisar de muito espaço e de muitos caminhões. Parece muito, mas essa produção poderia ser ainda maior. Em poucos anos, poderíamos bater nas 200 milhões de toneladas. O mercado existe e está franco crescimento. Mas infelizmente o Brasil não tem a infraestrutura necessária para sustentar esse aumento de produção. Vontade não falta e tecnologia também não. Então, ministra Gleisi, a hora é agora. Um PAC para a agricultura é o que falta para o país se transformar de fato no celeiro do mundo.

O agronegócio sustentável, moderno e globalizado passa pelo Brasil, mas depende em grande parte do apoio do governo, de o governo federal fazer a sua parte.

Porque o agricultor vem fazendo a sua, que é produzir e não construir estradas e ferrovias, embora às vezes seja obrigado a fazer isso. Nas novas fronteiras agrícolas, agricultor abrir estrada para produzir e escoar a produção se tornou comum, até como condição ao desenvolvimento da atividade.

Se 2010/11 foi o ano da soja e 2011/12 será o ano do milho, que 2012/13 seja o ano da revolução estrutural e logística do agronegócio.

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