Não dá para comparar alhos com bugalhos. Mas também não há como deixar de estabelecer um paralelo entre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e o Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária. Até porque, o PIB nacional é cada vez mais influenciado, para não dizer sustentado, pelo agro, não apenas no desempenho de 2012 como nas projeções para 2013. Cenários onde o campo segue totalmente descolado dos demais setores da economia. Mais do que isso: com viés de alta sustentado em fundamentos, oferta e demanda que dificilmente devem enfrentar resistência ou algum revés, numa combinação de safra crescente e preços elevados. A única ameaça seria o clima, fase que começa a ser superada com o início da colheita e com boa parte das lavouras já em floração ou enchimento de grãos.
Enquanto o termômetro da economia brasileira tenta garantir uma variação de 1,5% no ano passado, a receita das lavouras do país deve registrar um salto ainda maior que em 2011, quando o desempenho foi 11,9% superior a 2010. O VBP de 2012 deve se aproximar dos R$ 240 bilhões, cifra que se for confirmada vai representar um crescimento superior a 15%. Para 2013, a considerar o ambiente internacional e as projeções de produção e exportação, no Brasil e no mundo, o valor bruto das 20 principais culturas avaliadas pela Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) tem potencial para romper a casa dos R$ 300 bilhões. Se isso realmente ocorrer, o ganho será de expressivos R$ 100 bilhões, em apenas três anos.
Nem mesmo a estiagem que atingiu principalmente os estados da Região Sul conseguiu segurar o avanço do setor. No Paraná, com seca e tudo em 2012 o crescimento do VBP deve ser de 3%, para R$ 52 bilhões. Os preços das commodities agrícolas compensaram, em parte, a quebra no volume de produção. O cálculo do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual da Agricultura (Seab), reflete as excelentes cotações de soja e milho, culturas onde o estado é um dos lideres em produção. Com esse resultado o Paraná mantém uma participação acima de 20% na composição do VBP nacional, ao lado de Mato Grosso. Em 2012, os dois maiores produtores de grãos do país vão ter respondido por quase a metade do índice nacional.
Boa parte do resultado com os grãos tem relação com a seca nos Estados Unidos, que no ano passado consumiu mais de 120 milhões de toneladas da produção. Contudo, também tem a ver com o aumento do consumo, com a demanda crescente e aquecida em todo o mundo. Para este ano não será diferente, em especial por conta da possibilidade de uma nova estiagem na América do Norte. Os norte-americanos se preparam para plantar uma safra histórica, na tentativa de recompor seus estoques e retomar suas exportações. O clima, no entanto, pode frustrar novamente essas pretensões. Para se ter ideia da dimensão desses acontecimentos, em 2012 os Estados Unidos reduziam praticamente à metade seus embarques de milho. Enquanto que o Brasil quase dobrou as exportações do cereal.
Além disso, China, Índia e os próprios Estados Unidos vão comprar como nunca no mercado internacional. Os países da Ásia por questões óbvias de consumo. Enquanto que os norte-americanos precisam aumentar suas compras para garantir o abastecimento interno e manter um espaço, por menor que seja, nas exportações mundiais. Por tudo isso, 2013 deve perpetuar um ciclo, o de 2012, e talvez consolidar um novo olhar sobre o agronegócio mundial. Um olhar que se faz a partir da América do Sul.
Expedição Safra O Indicador de Safra do Agronegócio Gazeta do Povo trabalha um potencial produtivo para a safra brasileira de grãos no ciclo 2012/13 de 185 milhões de toneladas. O volume é sustentado por 82 milhões de toneladas de milho e 69 milhões de toneladas de soja.
Conab O número da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), apesar de otimista, é um pouco mais conservador. O órgão do governo federal trabalha com uma safra de 180 milhões de toneladas, um incremento de 15 milhões de toneladas sobre a produção da temporada anterior.
Exportações A produção brasileira cresce escorada pelas exportações. Em 2012, os embarques brasileiros do agronegócio somaram o valor recorde de US$ 95,81 bilhões, um aumento de 1%. O destaque é o saldo recorde da balança comercial, de R$ 79,41 bilhões. As importações atingiram US$ 16,41 bilhões, número 6,2% inferior a 2011.