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Giovani Ferreira

O porto sobe a serra

A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonia (Appa) vai fazer o caminho inverso das exportações paranaenses do agronegócio. Técnicos e dirigentes vão ao interior conversar com produtores, cooperativas, transportadores e outros elos da cadeia produtiva. Eles vão percorrer as seis grandes regiões produtoras do estado que produzem, industrializam e exportam.

Entre os objetivos está o de comunicar sobre as ações do governo para modernizar o porto, ampliar a capacidade de embarque e a eficiência dos terminais. À primeira vista uma questão mais política, de promoção e justificativas do público diante de um problema que afeta o privado. Avaliação que, de certa forma, não está errada. Não deixa de ser uma maneira de o governo contar o que está fazendo ou o que planeja fazer.

Contudo, promocional ou não, é impossível ignorar o caráter informativo, educativo e de esclarecimento dessas ações de interiorização. Até como instrumento para fomentar o debate. Não somente ouvir, mas discutir as demandas, os problemas e as possíveis soluções. Se vem do agronegócio a maior participação nos embarques paranaenses, esse também deve ser o palco, legítimo, para os devidos alinhamentos.

Não que isto não esteja ocorrendo. Pode até estar, mas em uma esfera que talvez não atinja todos os elos diretamente impactados. Um interesse que não se resume aos embarcadores. Assim como a eficiência do porto também não se resume à produtividade dos terminais, mas a toda operação de exportação, que começa dentro da porteira.

A partir de maio, o projeto denominado "Porto no Campo" vai passar por Cascavel, Campo Mourão, Londrina, Guarapuava, Pato Branco e Ponta Grossa. A motivação está na conversa com os agricultores. O alcance, porém, é mais amplo. Esse agricultor, com quem a Appa quer falar, representa o campo e a cidade, o urbano e rural. Ele é a sociedade e a economia do Paraná. Uma grande oportunidade, então, para falar e esclarecer a população urbana, que, assim como o agronegócio e o governo, também paga o preço. Afinal, antes de chegar a Paranaguá o trem ou caminhão carregado de grãos corta cidades e congestiona as rodovias. Isso quando a frente de nossas casas não é usada como estacionamento improvisado para as carretas que aguardam para carregar ou descarregar nos armazéns ou agroindústrias.

O Carga On-Line, sistema de agendamento para descarga em Paranaguá, praticamente acabou com as filas de caminhões as margens da BR-277. Excelente! Em compensação, não são raras às vezes em que a fila de navios para carregar supera as 100 embarcações. Ou seja, há demanda, mas não há carga suficiente disponível nos armazéns públicos e privados do Litoral, o que nos leva à conclusão de que a produção está represada no interior.

Parte desse descompasso se deve ao clima. Desde o inicio do ano, os terminais ficaram praticamente um mês parados por causa das chuvas. Agora, com o tempo bom, haja caminhão, trem e estrada para dar vazão a uma safra recorde e um fluxo contido que precisa, sim, de uma resposta eficiente do porto. Mas uma resposta que também precisar vir da base, com armazéns e cada vez mais planejamento, com escalonamento de plantio, colheita e, consequentemente, de escoamento.

A intenção não é conferir ao porto a responsabilidade pela armazenagem. Até porque a função primeira do terminal não é essa, mas sim garantir a estrutura necessária à exportação. Contudo, não há como discutir fluxo de carregamento sem falar da carga disponível na ponta do embarque. A capacidade estática em Paranaguá, em torno de 1 milhão de toneladas, daria para carregar somente de 14 a 15 navios.

Balança comercial 1

O agronegócio continua a sustentar a balança comercial brasileira e paranaense. Números organizados pelo Departamento Técnico e Econômico da Federação da Agricultura do Paraná (Faep) revelam que no 1.º trimestre de 2013, apesar de um pequeno recuo, os produtos do agronegócio ainda representam 74% das exportações totais do Paraná e perto de 12% das exportações do agronegócio brasileiro, ocupando o terceiro lugar no ranking nacional, atrás de São Paulo e Mato Grosso.

Balança comercial 2

O saldo das exportações brasileiras do agronegócio no período analisado foi de US$ 16,3 bilhões. Os embarques paranaenses do segmento somaram US$ 2,53 bilhões, uma queda de 4,85% relativamente ao mesmo período de 2012 (US$ 2,66 bilhões), como resultado da queda no volume comercializado e nos preços internacionais.

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