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Paridade importação

Descolada da referência internacional, não apenas pela escassez do produto, como também pelo efeito do câmbio, o milho vive um momento singular no Brasil. As cotações internas estão sendo balizadas não mais pela paridade exportação, mas pela paridade importação. O que vale agora como balizador não é o preço do produto exportado, mas o produto importado. Como falta milho no mercado, a referência é o valor de compra, não de venda. Tem praças no Brasil com cotações acima de R$ 60/saca. É o mercado interno mais interessante e valorizado que a alternativa exportação.

Mas o que está ocorrendo? O Brasil se tornou não apenas um grande produtor de carne, principalmente de frango, que demanda muito milho, como um grande exportador do cereal. O clima não colaborou este ano, é verdade. O problema, no entanto, é ainda maior. Passa pela organização e alinhamento da cadeia produtiva. A produção de carne agora tem um concorrente. Que é a exportação. E o mercado precisa se adaptar, se preparar e se planejar para isso. Não existe e dificilmente vai existir mais milho a menos de R$ 10/saca, como chegou a ocorrer poucos anos atrás quando houve excesso de oferta.

Produção comercial

O milho assume definitivamente uma postura de cultura comercial, com espaço crescente no mercado doméstico e no comércio internacional. Com uma produção com potencial acima de 80 milhões de toneladas, um consumo interno em torno de 55 milhões de toneladas e uma exportação que se aproxima dos 30 milhões, o milho precisa fechar a conta. As próximas safras serão, portanto, de ajustes e oportunidades, no campo e no mercado. Da recomposição dos estoques à consolidação do mercado internacional, a produção precisa abastecer o consumo interno e ocupar seu espaço nas exportações.

Não existe e dificilmente vai existir mais milho a menos de R$ 10/saca

O consumo doméstico interno cresce a cada ano, impulsionado pela demanda para alimentação humana e animal. E agora para combustível. Em parceria com empresas nacionais, um grupo dos Estados Unidos traz tecnologia e investe na produção de etanol de milho. A experiência ocorre no Mato Grosso, o maior produtor do cereal no país e que precisa agregar valor à produção transformando o milho em carne e, agora, em energia.

Safra revisada

O Paraná deve rebaixar o potencial produtivo do milho de 2.ª safra, consequência das geadas que ocorreram no estado na semana passada. Balanço do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura do Paraná (Seab), deve trazer uma safra com potencial abaixo das 12,1 milhões de toneladas inicialmente previstas. Com máxima de R$ 50/saca de 60 quilos, registrada em duas das praças pesquisadas, o milho encerrou a semana com média de R$ 39,58/saca no Paraná.

Na Bolsa de Chicago, com leve tendência de baixa, o cereal passou a semana praticamente estável, na casa dos US$ 4,3/bushel (25,4 quilos). A soja, com máxima de R$ 90, fechou a sexta-feira com cotação média de R$ 84,05 no preço pago ao produtor. Já a oleaginosa teve um viés de baixa mais intenso que o milho em Chicago. Abriu a semana a US$ 11,77 e fechou a US$ 11,6/bushel (27,2 quilos). O mercado vive um momento de constatações e especulações sobre a influência do clima na safra dos Estados Unidos, que está em pleno desenvolvimento.

A safra total de milho no Brasil no ciclo 2015/16 seguramente vai ficar abaixo das 80 milhões de toneladas, contra mais de 84 milhões na temporada anterior. O tamanho da quebra no país, assim como no Paraná, será conhecido com o avanço da colheita, em curso nas principais regiões produtoras.

Enquanto isso, segue uma queda de braço entre exportações e consumo interno. É certo que os embarques devem diminuir, como forma de garantir o abastecimento interno. No ano passado foram quase 30 milhões de toneladas enviadas ao exterior. Para este ano, as previsões vão de 20 a 25 milhões de toneladas.

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