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Giovani Ferreira

Prova de fogo em Esteio

A 34ª edição da Expointer celebra também os 30 anos do Freio de Ouro, tradicional prova do cavalo crioulo que ganhou o país a partir do Rio Grande do Sul | Eduardo Seidl/Expointer
A 34ª edição da Expointer celebra também os 30 anos do Freio de Ouro, tradicional prova do cavalo crioulo que ganhou o país a partir do Rio Grande do Sul (Foto: Eduardo Seidl/Expointer)

Prestes a definir suas apostas para temporada 2011/12, o agronegócio bra­­sileiro se volta para o extremo Sul do país, onde uma das feiras mais tradicionais do setor testa e orienta o mercado e o produtor. Aberta no sábado, a Expointer, que ocorre em Esteio, na Grande Porto Alegre, de certa forma desafia a crise internacional protagonizada pelos Estados Unidos e Europa. Dos corredores do comércio em geral às baias dos animais e pátios de exposição de máquinas e equipamentos agrícolas, a pergunta que não quer calar é: até onde a recessão européia e norte-americana deve influenciar a economia interna? Pergunta que deve ser respondida com números, ao longo da semana, de público e prospecção de negócios.

Cauteloso, o governador Tarso Genro, logo na abertura do evento, tratou de conter a ansiedade, embora não o otimismo. Disse que repetir o resultado recorde do ano passado pode ser considerado um excelente desempenho. Em 2010, estima-se que a feira movimentou R$ 827 milhões, impulsionada pelos programas públicos de incentivo à mecanização agrícola e redução de IPI na compra de automóveis. Mas os fabricantes estão empolgados. As políticas públicas podem não fazer tanta diferença como no ano anterior, mas, com preço e mercado aquecido, as commodities devem fazer a diferença. Demanda alta e oferta apertada mantém a saca da soja perto de US$ 30 e a do milho em US$ 17 em Chicago, cotações que criam um ambiente favorável aos negócios para, no mínimo, repetir a edição anterior.

No caso de positivo, o balanço da exposição virá a confirmar que a economia agrícola segue sustentada no Brasil e no mundo. E que, na atual fase de turbulências das economias globalizadas, o segmento tem mais base em fundamentos e menos em especulação, o que pode ser um bom sinal diante da retração que ronda o planeta.

Os fundos de investimento e o capital especulativo continuam atuando. Contudo, pelo menos por enquanto, sem influenciar de maneira decisiva aspectos de conjuntura. Bom para o setor e a economia brasileira, que aos poucos começa a ter participação mais ativa nas relações de oferta, demanda e formação de preço no comércio internacional de grãos – realidade que confere maior competitividade à agricultura da América do Sul.

Mas não será fácil fazer essa economia girar. O convencimento do produtor, ou do consumidor, requer muita habilidade, soluções e inovações que realmente façam a diferença, justifiquem o investimento e o risco. Cientes dessa condição, as montadoras de máquinas agrícolas que estão na Expointer renovam sua aposta nos pequenos produtores. Os tratores de baixa potência – sensação do mercado em 2010 – continuam com os mesmos cavalos. A diferença está na oferta combinada de um pacote tecnológico, que promete uma nova revolução na agricultura familiar. A primeira foi a da mecanização. O desafio agora é levar agricultura de precisão para essas pequenas áreas. O grande produtor e a grande propriedade compram máquinas grandes e potentes. Mas os pequenos produtores e as pequenas máquinas é que geram escala.

A feira, no entanto, não é só agro. A partir dessa temática, a exposição também é cultura e tradição, é urbana e rural, como poucas no Brasil. Um termômetro não apenas da agricultura, como da economia de um modo geral. Assim sendo, que ela possa ser o prenúncio de uma boa safra de feiras e exposições Brasil afora, do Rio Grande do Sul a São Paulo, na Agrishow, passando pelo Show Rural, ExpoLondrina e Expoingá, no Paraná. Cada uma do seu jeito, com seu estilo, público e identidade, mas com um único objetivo: promover, integrar e fortalecer campo e cidade, o desenvolvimento econômico e o social.

Se o agronegócio será ou não afetado pelas crises internacionais, somente o tempo vai dizer. O importante é não ficar sentado esperando a tempestade chegar. O momento é tenso, de incertezas e dificuldades, mas também de oportunidades. Se realmente pretende ser um dos protagonistas da nova era da economia agrícola mundial, o Brasil precisa de foco e planejamento. E talvez esta seja a hora. Não de colocar o pé no freio, mas de ousadia e determinação.

E se for para ser, que seja agora. Que comece pela Expointer – onde os bancos prometem colocar R$ 1 bilhão à disposição dos produtores – e contagie o país.

É pagar para ver!

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