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Na metade final da colheita, em 2016, os Estados Unidos colocam no mercado – ou no armazém – uma safra extraordinária em produção e produtividade. Com recorde na soja e no milho, os norte-americanos tiram do campo mais de 380 milhões de toneladas de milho e mais de 115 milhões de toneladas de soja. Com apenas duas culturas e somente uma safra por ano, os produtores de lá somam quase 500 milhões de toneladas. A considerar nessa conta a produção de trigo, estimada em mais de 63 milhões de toneladas, os dados do levantamento do USDA, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, justificam o posto de maior produtor mundial de grãos e cereais.

Em relação ao ano anterior, no ciclo atual as três culturas juntas representam uma safra maior em 50 milhões de toneladas. Um desempenho espetacular. Mas que de certa forma vai na contramão da realidade de preço e mercado, da relação de oferta e demanda. Mesmo com preços depreciados e estoques mundiais em alta os Estados Unidos investiram e apostaram pesado na produção deste ano. Uma aposta que também foi beneficiada e potencializada pelo clima, regular e favorável, que acompanhou as lavouras do início ao final da temporada, com raros registros de adversidades. Resultado: uma produção de encher os olhos e um mercado desafiador.

Neste momento, não apenas o volume de produção, como a estratégica de comercialização do Hemisfério Norte passam a influenciar diretamente a safra na América do Sul. E vice-versa. Com a safra dos Estados Unidos já precificada, é o resultado da produção no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai que passa a ser o fiel da balança para orientar o mercado. Com o bushel da soja (27,2 quilos) na casa dos US$ 9, (R$ 63 no câmbio de R$ 3,2) o produtor estadunidense aguarda um encaminhamento mais concreto do plantio e do clima principalmente no Brasil para definir sobre a comercialização. O tamanho da safra sul-americana pode colocar as cotações abaixo dos US$ 9/bushel, exemplo de novembro do ano passado, quando a oleaginosa chegou a ser contada a US$ 8,8/bushel.

Expedição nos EUA

Para uma última avaliação da safra norte-americana e do que impacto que ela traz ao mercado, estoques e cotações no mundo, a Expedição Safra do Agronegócio Gazeta do Povo chega hoje aos Estados Unidos. Em um roteiro de uma semana e 3 mil quilômetros pelo chamado Corn Belt, o Cinturão de Milho do país, a equipe de técnicos e jornalistas vai percorrer os principais estados produtores. As regiões visitadas representam mais de 50% da produção de milho e 45% da produção de soja do país. A sondagem vai aos estados de Illinois, Iowa, Indiana, Wisconsin e Minnesota. De produtores a lideranças, trades e agentes de mercado, a equipe vai acompanhar a colheita e ouvir todos os elos da cadeia produtiva.

No Brasil

Enquanto isso, os produtores brasileiros intensificam os trabalhos de plantio da safra 2016/17 confiantes na retomada da produção perdida para clima em 2015/16. Do potencial produtivo inicialmente estimado, a agricultura brasileira perde quase 20 milhões de toneladas. Agora, projeções iniciais da Expedição Safra apontam para uma produção total de 215 milhões de toneladas, o mesmo volume potencial da temporada anterior. A estimativa é puxada por soja e milho, com mais de 100 milhões e mais de 80 milhões de toneladas (1ª e 2ª safras), respectivamente.

As duas culturas equivalem a mais de 85% do volume total de grãos produzidos no Brasil. A título de curiosidade, comparação e dimensão, a safra de três culturas nos Estados Unidos é igual a quase três vezes o volume total brasileiro, obtido em duas safras, de inverno e verão. Apesar da produção menor, o Brasil se apresenta como um fornecedor competitivo no comércio internacional. Na soja, por exemplo, os dois países disputam tonelada a tonelada a liderança nas exportações.

No Brasil, as equipes da Expedição Safra pegam a estrada na próxima semana. No primeiro roteiro, vão acompanhar o plantio no Paraná, seguido de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Durante o ciclo 2016/17, o levantamento técnico e jornalístico vai percorrer 16 estados brasileiros, responsáveis por mais de 90% da produção nacional de grãos.

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