NOVIDADE| Foto: Mauro Campos

O Banco Central Americano (Fed) deu um presentão para o mercado de capitais na semana passada. O corte de meio ponto porcentual na taxa básica de juros fez a alegria das bolsas de valores do mundo inteiro.

CARREGANDO :)

Sob o comando de Ben Bernanke, o Fed deixou claro que é – e que será – um banco atuante, pronto para socorrer o mercado nos momentos mais tensos. Só que essa coragem tem um preço: a medida vai estimular a especulação e colocará em risco o controle da inflação nos Estados Unidos.

Tudo de bom para o Brasil, que será um dos grandes beneficiados. Não é à toa que o Ibovespa disparou e que o dólar despencou por aqui. O forte corte dos juros nos EUA é um estímulo para investimentos em países emergentes – e o Brasil será um dos mais importantes destinos para o capital especulativo internacional.

Publicidade

Em terras brasileiras, investidores em imóveis e aplicadores em fundos de renda fixa de longo prazo também ganharam com a decisão do Fed. Tudo porque a boa notícia dará mais espaço para o Banco Central brasileiro cortar a taxa Selic, além de provavelmente estimular a arrancada no preço dos imóveis. Os investidores em fundos de renda fixa de longo prazo devem recuperar totalmente as perdas do mês de agosto. No curto prazo, bom para todo mundo.

Detalhe importante: quem estava fora do mercado de ações na terça-feira deixou de ganhar na Bovespa, em um dia apenas, 4,28% – um número bastante alto. Isso confirma a tese de que tentar adivinhar os melhores momentos para entrar e sair do mercado – o chamado market timing – é um jogo dificílimo. Talvez nem os diretores do banco central americano tivessem certeza sobre a reação dos mercados ao anúncio de um severo cortes nos juros; quanto menos os pequenos investidores brasileiros.

* * * * * *

Pergunta do leitor:

– Eu e minha noiva somos universitários. Estou cursando o 8.º semestre de Direito, e ela, o 8.º semestre de Medicina. Neste fim de semana, decidimos começar a poupar uma quantia por mês durante cinco anos, com o objetivo de mobiliar a nossa casa depois de casados.

Publicidade

Vamos começar com R$ 500,00 e, a cada mês, investir R$ 50,00 cada um, totalizando R$ 100,00 por mês. Fazendo as contas, depois de cinco anos, teremos R$ 6.500,00. O que devemos fazer para aumentar o valor final? Colocar o dinheiro na poupança? Investir em algum título de capitalização ou em fundos de investimentos?

Resposta

– Acho melhor vocês garantirem uma boa taxa de juros aplicando no Tesouro Direto. Há papéis pagando cerca de 6% ao ano, mais inflação pelo IPCA, já livres de taxas de administração. O Tesouro exige um investimento mínimo de R$ 200,00. Sugiro que depositem o dinheiro numa aplicação de curto prazo (poupança ou fundo DI) durante dois ou três meses e, a partir daí, comprem o papel do Tesouro. Vocês conseguirão um ganho real próximo a R$ 1.000,00, além de corrigir o capital investido pelo IPCA. Não é tanto, mas não é pouco.

Quanto às alternativas que você sugeriu:

Caderneta de poupança: tem rendido pouco em relação à inflação. Dificilmente paga mais do que 3% ao ano, acima da inflação, ou seja, deve render perto da metade em comparação com o Tesouro Direto.

Publicidade

Títulos de capitalização: rendem menos do que a poupança e costumam oferecer dolorosas punições para quem precisa sacar antes do prazo estabelecido. São bons apenas para os sortudos que ganham prêmios. Mas é bom lembrar que a grande maioria não é sorteada.

Fundos de investimentos: costumam cobrar altas taxas de administração para pequenas quantias depositadas.

Tendo tudo isso em vista, indico o Tesouro Direto. É um veículo mais econômico e mais transparente para quem tem prazo superior a cinco anos e não possui um capital tão grande para investir.

Cá entre nós, para incrementar o montante final, a melhor saída mesmo é juntar mais dinheiro. Pense em conseguir um estágio ou um trabalho extra que possa aumentar o capital investido. Se, ainda assim, faltar dinheiro, a única alternativa será recorrer aos parentes e padrinhos.

mauro@halfeld.com.br

Publicidade