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Os juros das aplicações financeiras vêm caindo e mudando bastante a forma de raciocínio dos investidores. Desde o início do Plano Real, nunca se viu uma situação como essa. Nos últimos 13 anos, os imóveis estavam esquecidos, e a melhor alternativa era financiar a dívida pública. No entanto, a virada aconteceu, tanto para ações quanto para imóveis.

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Foi rompida a importante barreira de 1% ao mês, que era o mínimo a que estavam acostumados os rentistas (aqueles que complementam sua renda com rendimentos de aplicações).

O futuro comunica-se com o presente através das taxas de juros. Quando os juros estão altos, os investidores preferem ser conservadores, e o mercado paga pouco pelo valor atual de uma empresa ou de um imóvel. Ao contrário, quando os juros caem, o mercado fica otimista e aceita pagar caro pelo valor atual de uma empresa ou de um imóvel.

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O que fazer agora? Vivemos uma situação de transição, de mudança de paradigma. É preciso calma para não cometermos equívocos. Um deles é deixar-se contagiar pelos que ganharam muito nos últimos meses. Isso vale tanto para o mercado de ações quanto para o mercado de imóveis. Daqui a pouco, todo mundo vai ouvir o caso de um colega ou parente que comprou uma propriedade por R$ 100 mil que agora vale R$ 150 mil ou R$ 200 mil. No caso de imóveis, as avaliações são muito subjetivas. Uma coisa é o comprador achar que o imóvel vale uma determinada quantia; outra coisa é concretizar a venda. Essa distância é longa.

No caso do mercado de ações, talvez o colega também esteja muito otimista, ele pode simplesmente ter dado sorte. E essa sorte pode virar da noite para o dia. Enfim, deixar-se contagiar pelos ganhos alheios costuma ser um grave equívoco.

No mesmo sentido, é perigoso pensar que desta vez é diferente, que o Brasil mudou definitivamente e que daqui para a frente os preços só vão subir. A História tem mostrado que as mais graves crises surgiram exatamente quando a maioria tinha convicção dessa mudança.

Outro equívoco é não manter uma boa reserva para emergências em renda fixa, por acreditar que os rendimentos seriam muito baixos. Uma forma de ganhar no mercado é esperar um momento de queda para comprar mais barato. Só pode fazer isso quem tem uma carteira equilibrada, com uma boa parcela em renda fixa, ou seja, quem tem dinheiro no bolso e está pronto para aproveitar essas quedas tão freqüentes, mesmo numa trajetória de alta do mercado.

Resumo da história: o Brasil mudou, não dá mais para viver só da renda fixa. Temos que aprender a aplicar em ações e em imóveis. Tudo com muita cautela.

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O leitor pergunta:

Tenho um apartamento, financiado com juros de TR + 8% a.a., que comprei por R$ 60 mil, há três anos. O inquilino quer comprá-lo por R$ 75 mil. Devo vendê-lo?

Depende do destino do dinheiro a ser recebido. Em princípio, melhor negócio fará seu atual inquilino, pois o financiamento está com juros relativamente baixos, e os imóveis devem subir ainda mais.

***E-mail: mauro@halfeld.com.br