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De olho nas finanças

Curando feridas

O Lamborghini de Feldmann e Bonifácio foi mais rápido durante todo o fim de semana e ainda contou com um pouco de sorte | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
O Lamborghini de Feldmann e Bonifácio foi mais rápido durante todo o fim de semana e ainda contou com um pouco de sorte (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

Visitei uma importante instituição pública na semana passada. O direto de recursos humanos logo me apontou seu principal desafio internamente: o elevado endividamento dos servidores. Apesar de contarem com salários relativamente altos e com estabilidade no emprego, muitos funcionários gastam demais e caem no endividamento que corrói seu patrimônio.

Pessoalmente tive mais um exemplo de que o importante não é ganhar mais, mas fazer sobrar dinheiro no orçamento doméstico. Funcionários altamente qualificados, aprovados em dificílimos concursos públicos, servidores comprometidos com seus deveres profissionais, na prática pessoal cometem equívocos banais: gastam mais do que ganham.

Muitos já atingiram o teto permitido para tomar empréstimos consignados em folha de pagamento. Pedem mais limites. Não dá. Os mais desesperados vão para o cheque especial ou até para agiotas.

O que é que está acontecendo? Parece-me que uma parcela grande da classe A e B no Brasil entrou numa cilada. Aceitaram ingenuamente os apelos dos anúncios para comprar, gastar, ser aparentemente feliz.

Sabe qual é a frase mais perigosa hoje em dia? "Eu mereço!" Sufocados pelo trabalho excessivo e, pelo trânsito caótico, quase todos estão sem energia. Para repô-la a receita mais fácil é consumir, gastar sem controle.

É uma pena porque, do outro lado do balcão, estamos vivendo os últimos momentos de uma festa. Quem consegue poupar e investir recebe recompensas enormes, ganhando elevados juros das aplicações financeiras e nos incríveis retornos das ações. Quem está endividado neste momento paga caro pelo ingresso da festa, mas não consegue entrar. Está lá, do lado de fora, enfrentando as chuvas e trovoadas dos juros altos.

Penso que vale um grande esforço individual e também coletivo aqui. Vale descobrir a raiz desses gastos excessivos. Seria alguma carência afetiva? Uma relação amorosa tumultuada? Ou o desejo de ser o super-herói de uma família que não tem lhe dado o devido reconhecimento por seus esforços.

Se alguma dessas hipóteses faz sentido para você, não adianta fugir. Trate logo de curar essas feridas. Há ótimos profissionais habilitados a ajudá-lo a encontrar esse equilíbrio interior. Tente!

O leitor pergunta:

Estou assustado com a instabilidade das bolsas. Devo vender e esperar um momento melhor para voltar?

Você precisa definir qual o chapéu que deseja vestir. Se for o de um especulador, melhor ficar bem perto da porta de saída. Mas se for de um investidor de longo prazo, que não precisará do dinheiro antes de 10 anos, melhor ficar calmo e se isolar dos movimentos de curto prazo. Quedas são inevitáveis na trajetória vencedora do Ibovespa.

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