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Hoje eu repondo a duas interessantes perguntas feitas por pequenos investidores.

1) Tenho uma quantia de R$ 5 mil e estou pensando em investi-la no mercado de ações. A dúvida é como entrar nesse circuito. Penso em montar uma carteira com ações da Vale do Rio Doce, da Usiminas e de alguns bancos. Esse dinheiro faz parte de um montante que será utilizado como entrada na compra de um apartamento. Como ainda não encontrei o imóvel que procuro, vou investir essa quantia. Você concorda com essa estratégia, considerando que penso em usar o dinheiro em 90 dias mais ou menos?

Eu entendo o que você anda pensando. Desde o dia 20 de agosto deste ano, ou seja, outro dia mesmo, o Ibovespa subiu mais de 33%. Neste ano, o ganho supera 45%; no ano passado, foi de 33%; em 2005, houve alta de 27%. Parece que é impossível errar ao se investir em ações de empresas tradicionais, não é mesmo?

Falando seriamente: ações são aplicações de renda variável. Ninguém sabe qual será o rendimento em dezembro ou em janeiro. Muito menos em fevereiro. As bolsas podem se valorizar ainda mais, ou simplesmente derreter, tirando dos aplicadores boa parte dos grandes ganhos desses últimos anos.

No seu caso, é muito tentador pegar uma parcela do dinheiro do imóvel e dar uma olhadinha na festa das ações. Afinal, tem tanta gente conseguindo ganhar, por que não você também não poderia?

Desculpe, mas eu tenho um simples conselho a dar: não invista em ações pensando no curto prazo. E três meses é um prazo muito, muito curto. Temo que, ao perder parte desse dinheiro – que já tem um destino certo e definido –, você adie ainda mais a compra de seu imóvel.

O que eu faria? Deixaria esses R$ 5 mil na renda fixa, em CDBs de bancos de primeira linha ou em fundos DI. Certamente não é a melhor forma de virar milionário, mas, pelo menos você garante a compra do imóvel, de forma bastante segura. Se isso lhe interessa, passe longe do barulho da festa das ações e concentre-se no seu objetivo maior neste momento: a casa própria

2) Em 24 de janeiro de 2006, efetuei aplicação em fundo de ações de um banco de primeira linha; o rendimento, até agora, atingiu 41,9%. Nesse período – de acordo com as oscilações do mercado –, houve altas e baixas, isto é, perdas e ganhos, sendo que meu ganho já havia atingido o porcentual acumulado de 45%. Não estou precisando do recurso aplicado, porém ouço falar em realização de lucros e quedas na bolsa. Seria o caso de sacar? O que devo fazer: vender tudo agora ou só vender o correspondente ao meu lucro?

Há diversos estilos de investimentos em ações. Há pessoas tentando ganhar num único dia (day trade), num único mês ou em longos anos. Ainda bem que é assim. Caso contrário, não haveria liquidez. Na prática do mercado de ações, os negócios são feitos exatamente porque há o encontro de indivíduos com objetivos e sentimentos opostos. Alguns acham que o preço de uma ação vai subir; ao mesmo tempo, outros têm certeza de que o preço dessa ação está alto e de que a cotação atual é insustentável. Felizmente, os investidores de longo prazo podem sempre se encontrar com especuladores de curto prazo e fechar um negócio.

No seu caso, é bom definir o estilo que mais se adapta à sua personalidade. Se você é ansioso, deve preferir movimentos firmes e curtos. Se é do tipo calmo e paciente, deve pensar no longo prazo e ignorar todos os conselhos de especuladores. Pessoalmente, prefiro essa última atitude. Mas ninguém conhece melhor seus instintos do que você mesmo. Faça sua escolha quanto antes e seja coerente com seus mais íntimos sentimentos.

mauro@halfeld.com.br

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