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Mauro Halfeld

O futuro a seu filho

Quando seu primogênito nasceu, Ricardo ouviu um conselho de um jovem executivo do mercado financeiro: "invista hoje o equivalente a um jogo de pneus em ações para seu filho que ele terá o valor de um automóvel quando se formar".

Ricardo obedeceu. Vinte e cinco anos depois, o jovem executivo tornou-se um famoso banqueiro. Quando o jogo de pneus transformou-se em quatro rodas e um motor, Ricardo não resistiu e vendeu. Pensou estar protegendo o capital de seu jovem filho de 15 anos durante uma forte crise do mercado. Ledo engano, o conselho do banqueiro revelou-se acertado dez anos depois: a bolsa disparou e Ricardo teria mais do que valor de um carro inteiro.

Milhares de jovens pais pensam em poupar para seus filhos. Fazem isso para dar à nova geração oportunidades que eles próprios não tiveram. Esse ato tornou-se ainda mais comum nas gerações dos anos 80 e 90, esfoladas por recessões, planos econômicos e calotes. Desesperançadas de viverem dias muito melhores, transferiram para seus filhos a certeza de que o Brasil seja o país do futuro, ainda que este esteja bem distante de hoje.

A fórmula dos juros compostos será uma forte aliada na estratégia dos jovens. Eles têm muito tempo pela frente e não precisam se importar com oscilações do dia-a-dia. Os pais que obtiverem pequenos ganhos acima da inflação e que tiverem disciplina para esperar o tempo passar devem realmente transformar pneus em automóveis.

Quais os melhores instrumentos para essa poupança de longo prazo? VGBLs e fundos de ações podem ser boas alternativas, desde que as taxas cobradas sejam muito baixas e que a gestão seja muito competente. A velha caderneta de poupança tem demonstrado sinais de fraqueza na tarefa de multiplicar a riqueza.

Não tenho dúvidas de que o PIBB, fundo lançado pelo BNDES e hoje negociado diariamente na Bovespa, é um excepcional produto. De mãos dadas a ele, o Tesouro Direto, vendido através de corretoras e de alguns poucos bancos, forma um par perfeito.

Esses dois jovens produtos oferecem transparência e baixas taxas de administração, quesitos essenciais para que as exorbitantes rentabilidades colhidas nos dias de hoje possam se acumular para as próximas décadas.

A figura revela o valor bruto acumulado em diferentes aplicações de R$ 100, corrigidos pelo IGP-DI desde 1968, data do início do Ibovespa. A aplicação combinada de overnight e, posteriormente, CDI iniciou-se só em 1974.

Fontes: Economática e FGV Dados. *************

O leitor pergunta:

– Meu banco cobra 4% ao ano para eu aplicar no Tesouro Direto. O que devo fazer?

Resposta

– Essa taxa é exorbitante e tira todo o brilho do produto. Procure outros bancos ou corretoras que cobram muito menos. A maioria taxa entre 0,3% e 0,5% ao ano, além de 0,4% da CBLC. Em resumo, não pague mais de 1% ao ano de despesas para investir no Tesouro Direto.

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