As bolsas caíram bastante nos últimos dias. Muitas ações foram desvalorizadas em mais de 15% em pouco tempo.
Os índices desabaram praticamente no mundo inteiro. Londres, Paris, Frankfurt assistiram a quedas de até 3% num único dia.
O motivo: nada de mais. Apenas uma ameaça de os EUA continuarem a aumentar os juros. O dinheiro esperto que vinha passeando em terras mais calientes, usufruindo de fantásticas rentabilidades, começa a ser puxado de volta.
O capital, que é um bicho sabidamente conservador, começa a voltar para papéis de renda fixa na Europa e até nos EUA, que parecem dispostos a pagar mais para rolar sua imensa dívida pública. No fundo, é um complexo de culpa dos mercados.
A festa estava boa demais e alguns participantes deram sinais de intoxicação. Voltaram para casa e estão tomando um remédio para ressaca. Diante desse cenário, o risco-Brasil aumenta, o real se enfraquece e o preço das ações brasileiras afunda. As cenas de guerrilha vividas pelos paulistanos também causam impacto na mente do mercado. No mundo inteiro havia investidores olhando de forma otimista para o Brasil. Imagine o que passa na cabeça dessas pessoas ao ver fotos de nossas mazelas urbanas.
Os investidores internacionais perdem nas ações e no câmbio. Isso faz disparar sistemas de travas. O mais popular é o stop loss, que aciona um gatilho quando as ações caem abaixo de um limite estabelecido por eles. Operadores focados no curto prazo usam stop loss para se livrar de papéis que rompem o limite máximo admitido para perda. Isso acaba acelerando o processo de baixa e faz os preços caírem num efeito dominó.
Os novatos em bolsa ficam nervosos. É uma prova de fogo. Sei que muitos leitores acabam se empolgando com os primeiros ganhos e apostam todas as suas fichas em ações. É um equívoco. Ao contrário, prefiro ser coerente com a estratégia de diversificação de papéis e de diversificação ao longo do tempo: comprar devagar, segurar por muitos anos e só vender devagar.
Em momentos como este, o investidor que está bem diversificado não precisa se preocupar. Já os que exageraram na dose podem ainda fazer ajustes. Só que terão de pagar um preço alto.
O leitor pergunta
Sou aposentado pelo INSS e tenho uma reserva de R$ 300 mil aplicada em renda fixa, que rende 7% ao ano acima da inflação. Posso contar com esses R$ 21 mil por ano como renda vitalícia?
Não. Juros reais de 7% ainda são, historicamente, exorbitantes. Eu contaria só com uns 3% ao ano, ou seja, R$ 9 mil reais por ano.
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